Amigos mais chegados que irmãos

imagem: envato

O mundo moderno possui diversas peculiaridades, e nesse novo contexto notamos que uma cultura está sendo perdida: a cultura da amizade. O que acontece é que, na maioria das vezes, as mudanças geradas por esse modernismo tocam em aspectos que não deveriam ser tocados e modificam elementos que não deveriam ser modificados fazendo com que nossas relações se tornem cada dia mais formais, impessoais e menos espontâneas.

Na busca desesperada pelo progresso e tecnologia, o mundo moderno age como um cão que gasta toda sua energia correndo atrás do próprio rabo. Dentro desta revolução de conceitos trazida pela modernidade, nada parece ter sido tão afetado quanto o modo como as pessoas se relacionam. Essa mudança costuma acontecer de maneira muito particular e quase imperceptível.

O que ocorre é que as relações espontâneas de antigamente foram substituídas por uma sociedade completamente hierarquizada. Neste contexto, a amizade deu lugar às relações onde só existem duas possibilidades: dar a ordem ou receber a ordem.

Essa hierarquização das relações alcançou todas as esferas de uma sociedade adoecida e, por fim, infectou a família. Mesmo as relações que deveriam ser mais íntimas e amigáveis, como aquelas que se manifestam no seio familiar, deram lugar à uma imposição seca do comandante sobre o comandado. Uma realidade como essa não dá espaço para amizades, justamente porque tem como maior característica uma relação entre iguais.

Ser amigo é se relacionar com alguém que não te compele a obedecê-lo cegamente, mas que também não está sujeito ao seu comando. Na amizade as diferenças, tanto quanto as semelhanças entre os sujeitos não são motivadas, elas simplesmente existem e isso não é um problema.

Na amizade verdadeira não existe o comando, existe a preocupação com o outro. A obediência a um conselho do amigo não se dá pela ameaça de correção do ato falho, mas sim pelo respeito e confiança depositados no amigo. Talvez, seja isso que o escritor de provérbios quis dizer quando escreveu: “Em todo tempo ame o amigo, na hora da angústia se faz um irmão”. (Provérbios 17:17).

O verdadeiro conceito de amizade parece inútil ao mundo moderno, porém a amizade é exatamente isso, uma relação “desnecessária”, mas que leva alguém a entregar, até mesmo a própria vida, em favor de um amigo amado. Dessa forma, a amizade cristã e verdadeira, não é uma relação de troca, pelo contrário, se dá tudo e nada se espera.

Como cristãos, é importante lembrarmos do melhor amigo que alguém pode ter: Jesus Cristo. Ele é o padrão máximo de amizade, em quem devemos nos espelhar, pois Ele nos deixou bem claro que não somos apenas servos, mas também amigos.

Como cristãos, a nossa tarefa é seguir o nosso Mestre. Ele não teve medo de se relacionar e de se envolver com essa humanidade afundada em pecados. Jesus se fez homem, tornou-se um de nós e agora conhece muito bem os nossos anseios, dificuldades e fragilidades. Mesmo quando foi traído, Ele não se revoltou, mas se entregou e ainda pediu que o perdão nos fosse dado.

Cristo resolveu amar, porque a verdadeira amizade é representada por um amor desinteressado, capaz de se entregar e suportar até mesmo as piores traições. E é exatamente por isso que podemos nos aproximar de nossos amigos e oferecer a eles todos os benefícios da amizade, pois Ele nos deixou esse grande exemplo.

Acredite: se fizermos isso, toda a nossa jornada dessa vida será facilitada, pois um prazer enorme irá emanar em nossos corações. A amizade tem esses efeitos, ela tira de foco o nosso umbigo e nos mostra aquilo que sempre deveria estar bem claro: o outro. Quando percebemos isso, entendemos que a amizade é uma relação de igualdade, e como diria o filósofo Aristóteles, “amizade é uma alma em dois corpos”.

Depois de tudo isso, resta a você fazer uma autoanálise a fim de descobrir se você realmente tem seguido o exemplo do Mestre dos mestres, ou se você ainda se encontra amedrontado(a) ou ensoberbecido(a) demais para se envolver de forma despretensiosa com aqueles que estão à sua volta.

Entenda que ter um amigo, um verdadeiro amigo, é um presente de Deus, é uma benção que Ele, como Pai, nos dá. Por isso, não podemos menosprezar nossas verdadeiras amizades. Devemos cultivá-las e trabalhá-las para que elas sempre cresçam.

“O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18:24).

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