Das passarelas do mundo para os pés de Jesus

Eu tinha aproximadamente quinze anos de idade quando recebi o convite para ir a São Paulo fazer uma entrevista em uma grande agência de modelos. Embarquei com a permissão dos meus pais rumo a capital paulista, com um tremendo frio na barriga. Algo normal para uma adolescente na minha idade.

Aterizei na capital, acompanhada por uma pessoa autorizada por meus pais, e seguimos rumo a Elite Models, uma das maiores agências de modelos do mundo. Lá, os donos da agência me aguardavam para uma difícil entrevista, na qual em uma das etapas eu teria que usar uma roupa de banho. Eu estava tão nervosa que quando fui ao banheiro para colocar a roupa de banho, travei. Só tive coragem de sair de lá depois que uma pessoa conversou comigo.

Eu não tinha expectativas nenhuma acerca dessa entrevista. Era algo surreal. Eu tinha baixa autoestima e era tímida ao extremo. Porém, horas depois fui surpreendida quando os donos da agência me disseram que eu havia sido aprovada e que eles estavam felizes por ter a mim como uma de suas modelos.

Eu fiquei em choque. Naquele dia descobri que eu tinha uma visão errada sobre mim. Não conseguia ver a minha beleza e qualquer potencial. Mas eles me disseram que eu era lindíssima e já vislumbravam estratégias para galgar o meu espaço no mercado nacional e internacional.

Retornei para a minha cidade e com a autorização de meus pais, me mudei para São Paulo para gerir minha carreira. Morei lá por três anos. Sempre com a supervisão de minha mãe, que frequentemente vinha a São Paulo para estar comigo nessa fase.

Trabalhei muito. Fiz capas de revistas, inúmeros editoriais de beleza, como da revista Claudia e Elle, por exemplo. Fiz campanhas publicitárias nacionais, como da Nestlé e Arisco e morei no Chile. Fotografei com profissionais renomados e para marcas mundialmente conhecidas. Era um sonho em andamento, um sonho que nunca ousei sonhar, uma porta que se abriu, mas que estava prestes a se fechar.

Eu lutava contra uma dor interior, um vazio, uma solidão que persistia em ficar, ainda que eu estivesse acompanhada por pessoas ao meu redor. Eu era fruto de um lar disfuncional que sofria com os efeitos do álcool. Meu pai sempre foi um homem especial, mas não conseguia se libertar das garras da bebida e da infidelidade conjugal. Isso trouxe efeitos sobre toda minha casa. Me deixou com marcas profundas que eu estava começando a conhecer. Quando completei dezoito anos, comecei a sentir um profundo desejo por conhecer as coisas de Deus. Meus tios queridos, Irene e Oscar, já me falavam do amor de Jesus. E aquele amor me atraía dia após dia.

Eu entendo agora, que a intercessão deles gerou em mim fome e sede por algo que  nem eu mesma entendia. Comecei a me abrir para conhecer as escrituras, ouvir louvores, orar. Era tudo novo para mim, já que minha família não conhecia Jesus.

Foi quando entendi que a vida de modelo já não era para mim. Não consigo explicar, mas na época eu sabia de alguma maneira que eu deveria encerrar aquele ciclo.

Conversei com meus pais sobre minha vontade de voltar para casa, fazer uma faculdade, e buscar a Deus. Eles ficaram confusos com a minha desistência da carreira de modelo. Não esperavam essa atitude da minha parte. Minha escolha pública por Jesus os surpreendeu. Eu era a primeira dentro da casa a receber a Cristo, e mal sabia, que o Senhor usaria minha vida para orar por eles, e que anos mais tarde, minha mãe e irmãs também entregariam suas vidas a Cristo Jesus. Ainda resta meu pai. Oramos e cremos em sua salvação.

Me casei aos vinte e um anos, com um homem cristão. Um marido que Deus usou, para cuidar da menina ferida que eu era. Daquela que precisava conhecer e viver um casamento à luz das Escrituras. Deus nos confiou três lindos filhos nestes quase vinte anos de matrimônio e usou nossas vidas para encerrar um ciclo de maldições que acompanhavam as gerações passadas. O meu livre arbítrio não trouxe vida somente para mim, mas derrubou altares pagãos e levantou um altar para Deus nas próximas gerações.

Naquela noite o SENHOR disse a Gideão: — Tome o segundo touro do rebanho do seu pai, aquele de sete anos. Derrube o altar que seu pai fez para Baal e corte o poste de Aserá que fica ao lado do altar. Depois, construa um altar para o Senhor, seu Deus, no alto desta colina, arrumando as pedras com cuidado. Sacrifique o touro sobre o altar como holocausto e use como lenha a madeira do poste de Aserá que você cortará. Gideão levou dez de seus servos e fez o que o Senhor mandou. Porém, fez tudo de noite, com medo de sua família e do povo da cidade. ” (Juízes 6:25-27).

Hoje eu sei que a verdadeira beleza consiste em conhecer a Deus e caminhar com Ele, obedecendo e fluindo em Seu comissionamento.

Joyce Smerecki

http://vinicius

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Léia Oliveira
Léia Oliveira
4 meses atrás

Que testemunho lindo minha amiga e irmã em Cristo. Tenho a alegria em dizer que aquilo que Deus derramou sobre sua vida, você tem derramado sobre a minha desde o começo da minha caminhada com Deus. Continue permitindo o Senhor te usar. Deus te abençõe grandemente.

Val
Val
3 meses atrás

Q história inspiradora.

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