Há dois anos, quando cheguei na igreja para um culto, deparei-me com uma música que impactou minha adolescência. A letra da canção dizia assim: “Abra os olhos do meu coração, abra os olhos do meu coração, quero ter, quero te ver Senhor”. Aquela música ecoou profundamente em meu interior, e me trouxe à memória todos os meus companheiros e amigos desigrejados.
Nome por nome foi surgindo em meus pensamentos e comecei a ouvir a seguinte pergunta: “onde eles estão? ”. Essa pergunta parecia lógica demais, pois tinha contato com todos eles. Foi então que entendi que se tratava não somente de saber sobre a localização geográfica de cada um deles, mas sim de sua localização espiritual.
Naquele momento, nascia dentro de mim um sentimento incontrolável de saber mais sobre as pessoas “desviadas” ou “desigrejados”. Comecei a refletir a respeito dessas pessoas, os motivos e circunstâncias que acarretaram na saída desses indivíduos das igrejas. Os motivos dos afastamentos são diversos, no entanto, quando essas pessoas desejam voltar para a casa do Senhor, muitas vezes não recebem o acompanhamento e o cuidado correto, e até são vistos como um problema em potencial.
No livro de Lucas, capítulo 15, versículo 4 diz: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso”.
Nesse versículo, o pastor de ovelhas deixa as 99 ovelhas para ir ao encontro daquela perdida, e quando ele acha, a coloca em seus ombros e se alegra, pois a encontrou. O ministério de Jesus foi um ministério para os perdidos, e Ele foi especialista em resgatar os que antes estavam separados de Deus por causa do pecado. Jesus morreu em nosso lugar para que pudéssemos ter um novo relacionamento com o Pai, estabelecendo uma ponte que nos conecta diretamente com Ele.
Essa passagem bíblica fundamentou em mim uma posição firme: Deus anseia pela volta de seus filhos para casa. Há alegria no céu quando um pecador se arrepende (Lucas 15:7).
Jesus não veio ao mundo para os sãos, mas sim para aqueles que necessitam de cura. Ele não veio para aqueles que se acham justos e corretos, Ele veio chamar os pecadores ao arrependimento (Mateus 9:11-13).
Outra passagem bíblica que me fez cair em lágrimas e aumentar ainda mais esse desejo de que desigrejados e desviados voltem para a casa de Deus, encontra-se em João 6:39: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Deus, em sua vontade perfeita, deseja que todas as pessoas sejam resgatadas.
Algum tempo depois daquela revelação de Deus para mim, ouvi uma pregação do pastor Gustavo Paiva, e tive a confirmação de que todo aquele sentimento inquietante dentro de mim não eram emoções nostálgicas à flor da pele, mas sim um incômodo vindo dos céus para um posicionamento meu perante a realidade dos meus familiares, amigos e conhecidos.
Eu posso não saber os motivos claros que levaram muitos jovens e amigos a se afastarem da igreja, a se denominarem desigrejados. Na verdade, esses motivos são os menos importantes, eu somente anseio ardentemente que eles voltem! Deus está levantando uma geração que acenderá o fogo, com visões claras e com estratégias capazes de alcançar os perdidos.
Mas quais seriam essas estratégias? A primeira é, sem sombra de dúvidas, a oração! A Bíblia diz: “Não por forças e nem pelo poder, mas pelo meu Espírito diz o Senhor”. (Zacarias 4:6). O fato é que onde eu não consigo chegar com minhas palavras e atitudes, o Espírito Santo de Deus alcança.
Você pode não ver, mas Deus faz da multidão de caídos, um povo forte. (Ezequiel 37:1-14).
Seus familiares, amigos e conhecidos podem estar mortos espiritualmente, porém quando ouvimos a voz de Deus e nos posicionamos em amor, a transformação é garantida. Exercer o amor é permitir-se experimentar em sua vida uma das grandes atribuições dadas a Deus. Em João 3:16 diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Quando você coloca em prática o ato de amar, está desenvolvendo em você características que te deixam cada vez mais semelhantes a Deus, e são exatamente essas características que atraem as pessoas que estão sedentas.
Meu desejo é que nesse início de ano, possamos nos posicionar em oração e amor para atrair os desigrajados, aqueles que estão fora da casa de Deus. Esse é o ministério que tem ardido em meu coração, pois acredito que todo cristão possui um chamado para declarar: “Voltem para casa! Ele os aguarda ansiosamente! ”