Dia mundial da conscientização do autismo – Entrevista com Denise Porta

Você sabia que o dia 02 de abril é conhecido como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo? Nós, da Revista Renascer, entrevistamos a psicopedagoga e especialista em autismo Denise Porta, que nos informa mais sobre esse transtorno e como lidar com ele. Confira:

Qual a melhor definição para o autismo e porque é usado o termo “espectro” para defini-lo?

O autismo, segundo o DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), é um transtorno do neurodesenvolvimento e tem três sintomas que o caracteriza: dificuldade de interação social; atraso no desenvolvimento da linguagem; comportamentos repetitivos e restritos. Hoje, é possível diagnosticar o autismo aos três anos de idade, mas infelizmente muitas crianças são diagnosticadas tardiamente. O diagnóstico precoce e as terapias fazem toda a diferença. O termo espectro, na física, refere-se a um conjunto de raios coloridos que são resultado da decomposição da luz, como o arco-íris. No autismo, este termo é usado, pois há uma enorme variedade de dificuldades e habilidades que caracterizam o autismo, ou seja, dificilmente encontraremos um autista igual ao outro.

Como podemos identificar os sintomas?

Os sinais que os pais devem ficar atentos para algum tipo de limitação é a linguagem, mais especificamente o atraso na linguagem; há também a dificuldade de fazer um contato visual e mantê-lo, não mantendo aquele contato olho-no-olho. Outro sinal são os movimentos repetitivos. Que podem ser observados na forma como a criança brinca, por exemplo, ao invés de brincar com um carrinho da maneira funcional, ele o vira e brinca apenas com as rodas. Mas, isso não significa que todas as crianças que fazem isso tem autismo, por isso é imprescindível o acompanhamento com o pediatra desde o nascimento. Existem também uma bateria de testes que são realizados por volta de um ano e oito meses.

Como funciona o diagnóstico e o tratamento para este transtorno?

O diagnóstico é fechado pelo médico, mas todos esses profissionais podem identificar os 3 sintomas que caracterizam o transtorno. Geralmente o autista poderá precisar de profissionais que formam uma equipe multidisciplinar que irão trabalhar no processo comportamental da criança. São eles:

  • Professor de apoio na escola;
  • Psicóloga comportamental;
  • Terapeuta ocupacional;
  • Fonoaudióloga;
  • Psicopedagoga, entre outros.

O autismo tem causa genética ou pode ser desenvolvido ao longo do tempo?

Ainda não conhecemos totalmente as causas ou o que ocasiona o autismo. Até hoje sabe-se que o autismo acontece por fatores genéticos (parentes com autismo) e existem muitas pesquisas para descobrir se há uma causa ambiental, mas nada conclusivo.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas por pessoas autistas na sociedade de hoje?

Por ser um transtorno um pouco mais comentado nos dias de hoje, ainda há um certo preconceito indefinido em cima disso. Para os autistas, não poucas vezes, é difícil o acesso ao diagnóstico precoce e intervenção; há também, no âmbito escolar, a dificuldade da disposição das instituições de ensino em disponibilizar professores ou cuidadores, caso o aluno precise. Nesse mesmo contexto escolar, há um certo descuido em não oferecer salas multifuncionais para trabalhar os conteúdos que a criança ainda não aprendeu, usando recursos concretos com pistas visuais. Já na sociedade, há sempre “olhares tortos” para as crianças, ou até mesmo pessoas com autismo, que vem sempre acompanhados de críticas maldosas. Por isso, digo que há uma dificuldade de aceitação dos comportamentos repetitivos (estereotipias), além da promoção da inclusão do indivíduo com TEA. Ademais, o suporto requerido por uma pessoa autista pode ser encontrada na rede pública e privada, e claro, sempre contar com o amor e compreensão da família.

Como podemos agendar uma consulta com você?

Para quem se interessou, faço consultoria para pais e profissionais ligados ao desenvolvimento da criança e você pode entrar em contato comigo através do meu número de telefone: (62) 9 9971-6212.

Mariana Guimaraes

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