Dia mundial do diabetes

Imagine o seu organismo sendo corroído por dentro, tal como um ferro que se enferruja ou um verme que consome os vasos sanguíneos. Assim também se comporta o Diabetes Mellitus. O dia 14 de novembro foi a data escolhida para marcar o combate a este tão comum distúrbio metabólico que afeta cerca de dezessete milhões de brasileiros, o que coloca nosso país na quinta posição de prevalência, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. No mundo, estima-se que 537 milhões de pessoas são afetadas por este mal.

Vamos entender um pouco mais: o metabolismo refere-se às reações químicas internas que  satisfazem as necessidades estruturais e energéticas do nosso organismo. A glicose, assim como os demais carboidratos, figura-se entre os principais combustíveis, e dessa forma, a Diabetes se configura como sendo a dificuldade de utilização deste suprimento. De grosso modo, seria como colocar a gasolina no estofado do carro e não no tanque. Sendo assim, a glicose estaria no sangue em excesso e faltaria no lugar que interessa, que é no interior da célula,

Em relação à doença, classificamos segundo a insulina, que é o hormônio produzido por nosso pâncreas, com a função de carregar o açúcar para dentro da célula, onde é aproveitada corretamente. O Diabetes Mellitus, que é insulino-dependente, ou seja, a que não é produzida pelo corpo e depende de uma fonte externa, sendo que nesse tipo, compreende cerca de 10% dos casos, e é também o mais comumente entre crianças e adolescentes, pois possui um fundo autoimune, em que as células que produzem o hormônio são danificadas pelo próprio organismo do indivíduo.

O mais comum é aquele em que não há uma dificuldade na produção da insulina, e sim a existência de um prejuízo em sua utilização. Nesta categoria, o grande maquinário metabólico, principalmente fígado e músculos, não conseguem valer-se da glicose apropriadamente, pois há em questão uma resistência ao funcionamento hormonal. Nesses casos é hereditário e também se relaciona aos maus hábitos de vida, por exemplo, uma dieta muito calórica, o sedentarismo e a obesidade. A Diabetes geralmente leva às grandes doenças cardiovasculares, como o infarto, derrame, necessidade de diálise ou de amputações das pernas, associado aos fatores de risco concomitantes, tais como a hipertensão arterial, colesterol elevado e o cigarro.

A relevância do Diabetes é tão grande que a pessoa que o desenvolve já é considerada de alto risco para aqueles eventos mencionados anteriormente. Para se ter noção, o risco de um diabético ter um ataque cardíaco é semelhante ao de outro paciente que já sofreu e não tem Diabetes.

Quando os níveis de glicemia estão elevados, o paciente tem alguns sintomas, como: comer demais e mesmo assim perder peso, beber muita água e urinar além do normal. Esses sintomas são apenas a ponta do iceberg, pois nesses casos, muito estrago já foi feito em artérias e capilares, cabendo então ao médico, tentar minimizar as lesões e evitar a sua progressão.

O diagnóstico precoce torna-se fundamental para se evitar as complicações. O mérito terapêutico não consiste em tratar o dano, melhor seria preveni-lo, e isso é tão fundamental que as sociedades médicas envolvidas no seu combate, como a de endocrinologia, reduziram ao longo dos anos, os limites normais de glicemia de 140 mg/dl para 124 e, atualmente, fixaram o valor em 99mg/dl, tudo isso para permitir um diagnóstico antecipado e promover um tratamento mais eficaz.

Portanto, um bom conselho vem do Apóstolo Pedro que escreve: Sede sóbrios e vigilantes. O diabo – (também poderia ser o Diabetes) – vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1 Pedro 5:8-9).

Assim, se você, amigo leitor, sabe de algum parente com Diabetes, que está bem acima do peso ideal, não pratica atividade física e se alimenta com muitas massas e poucas fibras, atente-se para fazer um exame laboratorial de rotina.

Quanto mais cedo descobrir o mal, mais fácil será o controle e menos transtornos afetarão a sua vida.

Dr. João Marcelo Cavalcante Kluthcouski

Médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, com residência em clínica médica e cardiologia pela mesma instituição. Membro do corpo clínico do Hospital das Clínicas de Goiânia e da Clínica Cardioprime

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