Família e orfandade – Entrevista com pr. Coty

imagem: envato

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A maioria das pessoas que conhecemos querem ter uma família abençoada. Elas desejam um casamento perfeito, filhos que amem o Senhor, que respeitem uns aos outros e desejam ter sucesso na vida. O fato é que na família reside o desejo de Deus.

 No entanto,  o que vemos com grande frequência infelizmente são pessoas órfãs espirituais, que não se sentem filhos, que lidam com conflitos internos e acabam se afastando de um relacionamento com a família e também da intimidade com Deus.

Nesse mês de outubro, a Revista Renascer entrevista o Pastor Marcos de Souza Borges, mais conhecido como pastor Coty, referência nacional na área de restauração de famílias e igrejas, bem como na formação de conselheiros.

Além disso, pastor Coty é escritor, missionário, conferencista, engenheiro mecânico, Diretor da Gráfica e Editora Jocum Brasil, Diretor do Instituto de Desenvolvimento de Conselheiros e líder de jovens com uma missão em Almirante Tamandaré/PR. Desde 1986, o seu propósito de vida é sarar e capacitar a Igreja para alcançar as nações. Confira a entrevista exclusiva, em que ele falará sobre família, inclusive em tempos de pandemia, e também sobre a orfandade das crianças:

 

Infelizmente, vivemos em uma sociedade machucada e muito ferida, que a cada dia está se dissolvendo enquanto família. O senhor pode nos explicar a razão do acontecimento da perda dos vínculos familiares?

Quando falamos de perda  de familiares, é quando uma parte crítica da sociedade começa a perder contato com os relacionamentos que tem uma conotação existencial. Muitas pessoas cresceram sem referencial de pai, mãe e casamento. E esse processo crônico e agudo de fragmentação familiar se dá porque nas últimas décadas, tem-se aumentado a cultura do divórcio, do adultério e da fornicação, que destrói o núcleo familiar e o modelo de família segundo as Escrituras. Por isso, há uma quantidade enorme de pessoas que são concebidas fora da aliança do casamento. Muitos pais não assumem a criança e é comum ver mulheres com três ou quatro filhos, cada um de um pai diferente. Tudo isso gera a síndrome da infância desprotegida, pois essas crianças acabam tendo muitas desvantagens  durante a  vida.

Sabemos que muitas crianças e jovens se encontram órfãos,de pais que não possuem tempo para o cuidado e atenção com os filhos. O que pode acontecer com as crianças que crescem na orfandade?

O que mais vemos hoje são crianças órfãs de pais vivos, ou seja, pais que não assumiram os filhos. Um divórcio precoce, por exemplo, faz com que a criança cresça sem a proteção do pai e consequentemente sem o referencial. Numa família sem o pai, a mãe terá que se desdobrar, sair de casa para trabalhar e conseguir sustentar o filho, e assim essa criança acaba perdendo, primeiro o pai, e depois a mãe, pois na maioria das vezes será cuidada por pessoas, que aparentemente, são de confiança, mas que muitas vezes poderão se tornar abusadores. Assim, esses pequenos crescem solitários e depressivos. Crianças que são concebidas fora do casamento, por exemplo, acabam desenvolvendo problemas sérios, não só emocionais, mas também na sexualidade. Infelizmente o que vemos é uma infância desprotegida moralmente, espiritualmente e fisicamente.

  Quais respostas podem ser oferecidas diante dos graves problemas sociológicos em que as famílias estão inseridas?

A principal resposta é promover uma cultura de casamento, principalmente dentro da definição bíblica, que é o casamento monogâmico e vitalício. O fato é que podemos resumir a cura da sociedade no conceito do casamento. Quando olhamos para todas as tragédias da sociedade, percebemos que tudo deriva de um casamento destruído. Toda a onda de marginalidade, criminalidade, delinquência, violência, evasão escolar, tudo isso deriva de uma pessoa que foi o subproduto da morte de um casamento e da fragmentação de uma família. Precisamos, urgentemente, de um movimento cultural para promover o patrimônio, uma revolução moral. É fato que todo casamento é desafiador e que todo casal tem seus problemas, mas podemos observar que as famílias que tem essa cobertura de um casamento funcional, dificilmente os filhos irão sofrer as consequências.

Pastor, nas condições atuais, em tempos de pandemia,  pesquisas demonstram o aumento significativo do número de divórcios entre casais. Uma das causas apontadas é  a proximidade em tempo integral. Como o senhor analisa esse fenômeno?

De maneira geral, essa proximidade causada pelo isolamento social, pode não ter criado um problema, mas sim revelado muitos problemas que não estavam bem resolvidos. Digamos que eles estavam em “standby”, cobertos pela correria da vida do marido e da esposa. A partir do momento que tiveram que ter uma convivência mais de perto, essas coisas que não estavam bem tratadas, se potencializaram e em muitas situações, culminaram em um divórcio. Quem trabalha com aconselhamento, como eu, sabe que essa questão do adultério é algo epidêmico, mas muitos não sabem é que quando um cônjuge comete adultério, isso acarretará uma interferência de cunho maligno para a família. Muitas vezes, isso coloca em risco a saúde emocional, a intimidade sexual e até mesmo a proteção dos filhos, o que pode culminar em conflitos sérios, desgastes e até mesmo a disseminação da família. Triste!

É fato que vivemos e observamos uma nova configuração da família no meio social. Vemos uma inversão de valores muito presente em nossa sociedade. Enquanto igreja, o que podemos fazer para mudar essa realidade?

O que temos visto hoje é uma guerra de alicerces, o que garante o grande risco que a sociedade está vivendo. Quando olhamos essas pautas do marxismo cultural, do progressismo, da ideologia de gênero, do aborto, “meu corpo, minhas regras”, essa cultura da fornicação, da imoralidade, onde não existe Deus, logo há pecado e não há limites para nada. Como igreja, funcionamos como uma consciência da sociedade, cumprindo um papel de dizer o que é certo, errado e de colocar o limite. Em minhas redes sociais, procuro ser ativo nessa guerra de valores, pois acredito que devemos cumprir este papel. Como igreja, devemos ter um posicionamento em relação a esses valores e questões que são de natureza absoluta. Como igreja, devemos estar presentes em todos os segmentos da sociedade, marcando essa posição em relação aos valores morais que são os absolutos de Deus, com uma pauta conservadora e um estilo de vida baseado em princípios bíblicos. Precisamos resgatar a cultura judaico-cristã e marcar a nossa posição.

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