Mãe: maravilhosa obra de Deus

É com grande alegria que compartilho com os leitores da Revista Renascer, o meu testemunho de mãe, uma maravilhosa obra de Deus. Espero que edifique e ajude muitas mamães por aí.

Casei no ano de 2004 com 20 anos e logo com 9 meses de casada, engravidei do meu primeiro filho, o Samuel. Foi uma gestação tranquila e uma experiência única. Quando o Samuel completou 6 anos, eu e meu esposo decidimos que teríamos o segundo filho, e logo engravidei novamente. No entanto, no início da gestação, sofri com um aborto espontâneo. Essa experiência de perder um bebê foi muito difícil e dolorosa, pois passei por curetagem e todo um processo com essa perda.

Depois de dois meses, pela glória de Deus, engravidei novamente. Foi uma gestação mais difícil do que a primeira, pois tive diabetes gestacional e outros problemas de saúde, mas logo o Davi nasceu, para a nossa alegria ele estava bem e saudável.

Então, nossa família estava completa, eu, meu esposo e dois filhos lindos. Quando o meu filho Davi completou 3 anos, decidimos que meu esposo faria uma vasectomia, uma cirurgia de esterilização masculina. Ele realizou o procedimento cirúrgico, mas a cirurgia dele reverteu e eu engravidei mais uma vez.

Ficamos surpresos com a notícia, mas logo no início da gestação, pela segunda vez, sofri com um aborto espontâneo. Mais uma vez, passei toda aquela situação dolorosa e difícil. Com tudo isso, decidimos que realmente não iríamos ter mais filhos, mas os planos de Deus são bem diferentes dos nossos, e no final do ano de 2018, fomos surpreendidos com uma nova gestação.

Com muito medo de sofrer um novo aborto, no início de 2019 fui realizar todos os exames de pré-natal e graças a Deus a gravidez estava normal. Tudo certo comigo e com o bebê! Que benção! Mais um filho que Deus está confiando a mim. Eu havia planejado de outra forma o nosso ano de 2019, mas eu sei que os planos do Senhor são maiores e melhores.

Essa nova notícia me trouxe um mix de sentimentos: alegria, medo e ansiedade, diante do novo e inesperado presente. Foi então que comecei a sonhar com essa nova fase da minha vida, e mesmo com medo, decidi crer no melhor de Deus.

Os meses seguintes foram difíceis por conta dos enjoos e das mudanças hormonais que interferem muito no organismo. Tive dias de tristeza, angústia e choro sem motivo. Mas eu achava que era algo normal, pois a gravidez nos deixa mais sensíveis mesmo.

Assim cheguei ao quarto mês de gestação. Sobrevivi aos dias difíceis do primeiro trimestre, e pensei que agora tudo ficaria mais fácil. Apesar de estar bem desanimada, eu achava que estava tudo bem comigo, e que só estava passando por um turbilhão hormonal. No entanto, à medida que os dias passavam, a angústia e a tristeza aumentavam.

Comecei a me perguntar por que estava me sentindo assim, afinal eu não tinha motivos para estar daquela forma. A vontade de chorar era constante. Me segurava e disfarçava, mas me sentia confusa, frustrada e culpada, afinal eu não estava rejeitando a gravidez de forma alguma, contudo não me sentia feliz. Não tive nenhuma empolgação para comprar o enxoval e montar o quartinho como fiz nas gestações anteriores.

No quinto mês, eu não conseguia conversar normalmente sem que houvesse um nó em minha garganta. Não tinha ânimo para nada, mas não falava nada para ninguém, afinal o que iam pensar de mim? Eu me cobrava de uma maneira muito severa e pensava como poderia estar desta forma, logo no momento em que deveria me sentir a pessoa mais feliz desse mundo. A verdade é que me sentia muito culpada, frustrada, angustiada e triste. Cheguei ao ponto que não aguentava mais aquilo que estava sentindo, e entendi que precisava falar com alguém.

Em uma consulta com a obstetra, na sala de espera, antes mesmo de entrar no consultório, comecei a chorar. Não conseguia mais segurar, pois a angústia que sentia era muito grande. Sentia uma dor imensa em meu peito, e quando entrei para o atendimento, contei para ela como estava me sentindo. A médica foi totalmente compreensiva comigo, me falou que eu estava deprimida, e que isso às vezes acontece na gravidez, e que era preciso cuidar para que no pós-parto eu ficasse bem. Ela me orientou a procurar um psiquiatra e um psicólogo com urgência, e receitou um antidepressivo.

Saí do consultório muito mal, e fiz o caminho de volta para casa aos prantos. Chegando em casa, conversei com meu marido e contei sobre o que a médica tinha me dito. Cogitei não tomar o remédio por medo de ficar dependente, medo de que fizesse mal para minha filha e tantos outros medos que estavam habitando o meu coração. Mas, logo depois decidi tomar a medicação, pois vi que eu estava sofrendo muito e precisava de algo para me ajudar, já que não tinha forças para mais nada.

Naquele momento não conseguia orar, ler a bíblia ou cantar, algo que eu fazia todos os dias e com total facilidade. Os dias seguintes foram terrivelmente difíceis, eu não queria sair de casa para nada, não queria ver ninguém porque não conseguia conversar sem chorar. Me levantava da cama somente para coisas essenciais e dormia muito, tanto pelo efeito do remédio, quanto pela falta de energia que tinha.

Nos momentos de maior angústia, eu sentava em frente a janela que da vista para a rua e chorava muito. Ali eu clamava a Deus por misericórdia, outras vezes eu repetia o final do verso 5 de Isaías 53: “pelas Suas pisaduras fomos sarados”. Como eu queria que aquilo fosse realidade na minha vida!

Foi então que consegui uma consulta com a psicóloga do Instituto Renascer Saúde, a Dra. Rúbia Batista. Como ela foi preciosa e me ajudou a enfrentar esse momento! Louvo a Deus pela vida dela. A primeira consulta foi essencial para mim, pois chorei muito e pude dimensionar o quanto eu estava mal e precisava de cuidados.

Com o passar do tempo, tomando o remédio e indo para a terapia, consegui uma melhora. No sétimo mês de gravidez comprei a primeira roupinha e fiquei feliz por ter conseguido, mas ainda não estava no meu normal, pois ainda haviam dias ou momentos angustiantes, onde o choro vinha fácil, mas também havia momentos felizes onde eu conseguia cantar.

Consegui então organizar o enxoval e pude enxergar o cuidado de Deus, pois nesses dias tão difíceis Ele fez questão de me mostrar em mínimos detalhes o quanto Ele me ama e cuida de mim. Como foi precioso tudo o que vivi com o Senhor!

Chegou o tão esperado dia que Deus marcou para trazer a minha filha Eduarda ao mundo. Eu sabia que esse dia traria muitas mudanças e o meu emocional era uma delas. Fiquei muito feliz com a chegada da minha princesa, pois com ela chegou a esperança de dias mais felizes.

Com aproximadamente dois meses de pós-parto, a psiquiatra tirou o meu remédio e fiquei bem sem ele. Graças a Deus estou livre dessa fase tão difícil, mas saí dela mais forte, com meu relacionamento com Deus mais fortalecido e com mais empatia pelas pessoas que sofrem com a depressão. Graças a Deus pela vida do meu marido que me apoiou nos momentos mais angustiantes que vivi. Ele esteve comigo, sem nenhum questionamento ou julgamento, só demonstrando o seu amor e compreensão. Como foi essencial esse apoio!

Espero que este testemunho te incentive a buscar ajuda, especialmente se você estiver enfrentando essa doença tão triste. Acredite: no final de tudo, o Senhor faz uma maravilhosa obra!

Rosiana Pereira Leite Rocha

Psicóloga Vice-líder do Ministério de Mulheres da Igreja Batista Renascer.

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