O Favor de Deus sobre as nossas emoções

Há tempos venho refletindo sobre a vida humana na terra. Dentro da minha prática profissional, tenho notado que percepções, falas, desabafos, medos, repetições e até decisões erradas nos levam a patamares onde gera-se um adoecimento das emoções.

Muitas vezes, essas emoções são iniciadas por pensamentos que se traduzem em palavras, gerando atitudes, tornando-se hábitos, e chegando a cauterizar no aspecto do caráter.

Quando a solidão, a incerteza, o desânimo e a frequente sensação de fracasso são nossos únicos companheiros, surgem os seguintes questionamentos:

– Qual a vontade de Deus para minhas emoções?

– Por que não consigo equilíbrio em meus sentimentos?

– Por que uma humanidade tão evoluída tecnologicamente, nunca ocupou tanto espaço em mídia e até na medicina, para tratar de doenças que têm raízes emocionais?

São muitas perguntas e as respostas podem surgir quando refletimos no fato de que o ser humano tem ao seu dispor, o livre arbítrio, o seja a capacidade de fazer escolhas.

Não quero, com esse texto, tratar de doença, mas sim da nossa saúde emocional. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental ecompetencias-emocionais-ajudam-no-atendimento-de-venda1 social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade. A saúde mental é um estado de bem-estar emocional e psicológico, mediante o qual o indivíduo é capaz de fazer uso de suas habilidades emocionais, cognitivas (conhecimentos), sociais, assim como consegue responder às solicitações ordinárias da vida quotidiana.

Para a Psicologia o ser humano tem participação e envolvimento total na busca pela saúde e bem-estar. Tanto, que que a cura emocional vem pelo falar, e isso envolve um emissor e um receptor, para que a comunicação seja completa e eficaz. A Psicologia não é apenas uma filial da medicina, preocupada com a doença e a saúde, é muito mais do que isso, pois envolve também: trabalho, educação, afeto, superação e crescimento, fatores estes que estão intimamente ligadas às possibilidades cotidianas.

Vejo aqui, uma oportunidade de reconstrução do que não está tão bem, além de um convite à responsabilidade de nosso bem-estar em todas as áreas de nossas vidas. Até porque, a promessa de Jesus é: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10b). Entendo que abundância, não está restrita a aspectos financeiros (aspecto esse que tem se tornado a prioridade da vida humana), mas também a aspectos emocionais, mentais, e porque não dizer até espirituais.

Se uma pessoa é acometida por algum mal físico, nota-se uma tentativa e reunião total de esforços na busca pela cura: consultas, exames, tratamentos, medicamentos e tudo o que se fizer necessário para o alívio do incômodo e da dor. Mas, e quando minhas emoções adoecem, quando sou consumida pela dor interna de sentimentos que, as vezes, são manifestos por choro, apatia, tristeza, desânimo e até doenças físicas? O que fazer nesse caso?

emocoes-copyPara muitos, a resposta será: “deixa que o tempo cura”.  Afirmo a você que essa resposta é desanimadora, pois o tempo tem sim um papel fundamental na vida humana, mas não devemos delegar a ele, a responsabilidade que não possui. Para que o tempo cure algo, é necessário que esse assunto tenha sido tratado e já esteja preparado para que enfim, o tempo, se encarregue de finalizá-lo como convém. Emoções e sentimentos são reais e precisam ser encarados dessa forma. É certo que carregamos assuntos e temas que nos machucam, onde até mesmo o nosso funcionamento psíquico se encarrega de guardar aquilo que não nos faz bem.

Mas, acredite: é libertador quando nos permitimos voltar nas entranhas da dor e arrancá-la para ser tratada, pois isso sim, reflete a abundância que Cristo nos prometeu, derramando o Seu sangue na cruz por nós. Esse é o verdadeiro Favor de Deus sobre as nossas emoções!

Como cristãos, precisamos viver a promessa em nossas vidas, e isso testifica o sacrifício de Jesus, através do reconhecimento e da aceitação de liberdade que fomos chamados para viver. Nos dias atuais, o distanciamento das relações e a frieza dos corações tem nos conduzido a caminhos individualizados. O nós tem ficado para trás, e o eu tem prevalecido! A forma eficaz de tratar essa situação é olhar para si e perceber qual contribuição tenho dado para que o conflito aconteça. Muitas vezes somos rápidos em apontar defeitos, mas geralmente não temos a mesma prontidão para nos examinar e buscar a correção. Práticas como: perdão, colocar-se no lugar do outro e atitude de reconhecimento do erro, são antídotos para os conflitos atuais.

É imensamente válido perceber que algumas circunstâncias da vida existem para que a glória de Deus seja manifestada. Assim como a cura de um câncer, traz imensa alegria para a pessoa que está se restabelecendo, a cura das emoções também precisa ser vivida intensamente.

É essencial entendermos que a vontade de Deus para nós é que sejamos libertos das amarras do passado ou das situações dolorosas de nossa vida. Precisamos desejar viver e buscar o Favor de Deus em nossas emoções. Já nos adverte Romanos 12:2 – “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Como psicóloga, noto que nós, seres humanos, temos uma tendência de nos acostumarmos ao sofrimento e até justificamos sua existência, dizendo que Deus quis assim. Mas essa forma de pensar

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Doutora Rúbia Batista Graduada em Psicologia (PUC-GO) Pós-Graduada em Gestão de Pessoas e Organizações (UFRJ) Atuando há mais de 14 anos em Psicologia Organizacional e Clínica.

não é correta, pois temos o livre arbítrio e a oportunidade de pedir ao Espírito Santo que nos guie. Portanto, temos a condição de sermos auxiliados pelo Senhor em toda a nossa vida.

Isso me mostra que direcionamos nossa colheita a partir do plantio que escolho fazer. Assim sendo, reconhecer nossa responsabilidade na busca pela qualidade de vida é atitude necessária para a plenitude de vida que nos foi prometida.

Por mais dolorosas que sejam as marcas que cada ser humano traz em sua história de vida, nada se compara a beleza e a complexidade com a qual fomos criados. Saiba que tudo que há em nós tem o propósito de exaltar a Deus.

Conviver com pessoas é o maior desafio da sociedade pós-moderna, mas é também um precioso presente de Deus para cada um de nós. Sugiro que da próxima vez que quiser reclamar de quão difícil é conviver com determinada pessoa, lembre-se que é nessa complexa relação que temos a chance de ser aperfeiçoados. É no conflito que ficamos diante de nossas fragilidades. Portanto, não feche os olhos para essas situações de contenda, pois aquilo que muitas vezes apontamos nos outros, também está em nós.

Passamos por dias de lutas e dificuldades, mas devemos buscar em Deus e na direção do Espírito Santo o caminho para uma vida plena, onde a libertação das emoções nos conduza a tão esperada paz que excede todo entendimento. Nada melhor do que viver o que nos diz o Salmo 146:5 – “Como é feliz aquele cujo auxílio é o Deus de Jacó, cuja esperança está no Senhor, no seu Deus.”

Te convido, a olhar-se, avaliar-se e perceber em você quais pontos ainda precisam ser devidamente tratados. Assim como o salmista, que seja essa a nossa oração: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece as minhas inquietações.” (Salmo 139:23).

Permita que o Favor de Deus manifeste-se também em suas emoções, afinal, somos a mais perfeita criação d’Ele, a ponto de sermos chamados de sua imagem e semelhança!

Dra. Rúbia Santana Cordeiro de Toledo Batista

Graduada em Psicologia, Pós-graduada em Gestão de Pessoas e Organizações. Tem experiência em Gestão de Pessoas e Treinamento de Pessoal. Está na IBR desde 2009.

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