“Quando acabou de falar, jogou fora a queixada; e o local foi chamado Ramate-Leí. Sansão estava com muita sede e clamou ao Senhor: “Deste pela mão de teu servo esta grande vitória. Morrerei eu agora de sede para cair nas mãos dos incircuncisos? ”. Deus então abriu a rocha que há em Leí, e dela saiu água. Sansão bebeu, suas forças voltaram e ele recobrou o ânimo. Por esse motivo essa fonte foi chamada En-Hacoré, e ainda lá está em Leí”. (Juízes 15:17-19).
Esse ano de 2020, posso dizer com toda certeza, já marcou a nossa história, pois estamos vivenciando dias que víamos apenas em filmes e séries. Pessoas isoladas em suas casas, ruas desertas com comércio fechado, escolas vazias, igrejas fechadas, máscaras nos rostos, avós longe de seus netos e muitas outras cenas que foram, e que ainda estão sendo difíceis para todos nós. Mas, como igreja, sempre cremos na vitória e na convicção de que o nosso Deus está no controle de todas as coisas e pela fé, já podemos ver o fim desses dias de escuridão.
Mas, a reflexão que gostaria de trazer nesta edição é que as lutas e as guerras podem até nos deixar algumas marcas, cicatrizes, perdas ou um desgaste físico, talvez até emocional ou espiritual, no entanto, de fato temos a certeza que somos mais do que vencedores em Cristo Jesus. Isso acontece porque o Senhor sempre conta conosco nas batalhas.
Quando digo que Deus conta conosco, não quero dizer que Deus precisa de nós, mas sim que Deus quer nos fazer cooperadores d’Ele. E quando cooperamos com Deus, tudo é usado por Ele, nosso corpo, nossa mente, nosso tempo, nossas finanças, nossas habilidades, enfim, tudo em nós e tudo que temos fica à disposição do Senhor, ou seja, tudo vai para a guerra.
No trecho acima extraído do livro de Juízes, temos o contexto em que Sansão foi tremendamente usado por Deus, e ele, com uma queixada de jumento, abateu mil homens. Interessante é que sabemos que Sansão estava cheio do Espírito de Deus e por isso conseguiu esse feito. Sansão não tinha nada de diferencial em seu corpo, ele era um homem normal aos padrões da época, fisicamente falando, prova disso é que as pessoas se perguntavam de onde viria aquela força, pois ao olhar para ele não viam nada aparente que justificasse a força extraordinária que possuía.
Mas, quero destacar aqui o fator cooperação. Sansão venceu pela força do Espírito Santo de Deus, mas foi seu corpo e suas energias que se desgastaram na batalha. Após a luta, a vitória veio, mas ficou o desgaste, o cansaço, o medo de não conseguir mais continuar. Ele não morreu na batalha, mas viu seu futuro comprometido e suas forças e energias completamente exauridas pela guerra.
Diante dessa situação, Sansão faz aquilo que sempre devemos fazer quando não existe mais nenhuma saída ou alternativa: ele clamou ao Senhor.
O texto bíblico nos mostra que Deus abriu uma fonte da rocha, e lá Sansão bebeu água, matou a sua sede, e assim as suas forças voltaram e o seu ânimo foi restaurado. No texto, observamos que foi dado um nome para a fonte: En-Hacoré, que significa “a fonte do que clama”.
O fato é que a fonte se abriu porque houve um clamor.
Havia uma rocha naquele lugar, mas ela aguardava um clamor. A rocha é Cristo, que sempre aguarda o nosso clamor. Vejamos:
“Clame a mim e eu responderei e lhe direi coisas grandiosas e insondáveis que você não conhece”. (Jeremias 33:3).
“Disse o Senhor: de fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo”. (Êxodo 3:7).
Observe nestas passagens que Deus, verdadeiramente, se importa conosco e com o que estamos passando. Na passagem de Jeremias, Ele nos direciona a clamar para Ele e na citação de Êxodo percebemos a atenção de Deus com o seu povo quando ele diz que: “tenho visto”, “tenho escutado”, “e sei”. Como isso é lindo! Saber que o Senhor do Seu trono nos vê, nos ouve, e sabe tudo o que precisamos. Glória a Deus! Se a rocha está presente, então só precisamos clamar!
Como disse no início, sabemos que pela fé esses dias de escuridão vão passar, mas somos cooperadores de Deus nessa guerra, e por mais que a fé nos mande crer na vitória, a realidade tem nos mostrado um futuro improvável.
Essa realidade insiste em nos mostrar as cicatrizes que ficarão para sempre, os sonhos desfeitos, desemprego, empresa fechada ou negócios desfeitos, além de oportunidades adiadas. No entanto, a fé nos dá a certeza da vitória.
Mas, o que fazer? Clame à Rocha! Cristo é a água que mata a nossa sede, que faz tudo novo, nos restitui o tempo perdido, o negócio, o dinheiro que se perdeu, as oportunidades que pareciam únicas, mas que se foram.
Deus ama dar aos seus filhos, e a Palavra nos ensina isso. Mas, quando o assunto é restituição, a palavra também nos mostra que Deus é exagerado em nos abençoar porque Ele devolve duas, três, dez e muitas vezes mais aquilo que perdemos ou que nos foi tomado.
Pense que ironia seria se Sansão, após vencer mil homens com uma queixada de jumento morresse de sede? O clamor faz com que a vitória venha acompanhada de uma fonte que jorra águas de restituição sobre as nossas vidas.
Experimente clamar e verá que uma fonte de restituição acompanhará a sua vitória!