O que a Bíblia fala sobre o preguiçoso?

imagem: envato

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Foi me passada a tarefa de falar sobre o que a Bíblia diz sobre o preguiçoso. Confesso que é uma tarefa desafiante, pois ao estudar sobre o assunto é impossível não olhar para si e pensar: será que eu me encaixo no que a Bíblia diz sobre o assunto? Os versículos que quero usar como base para nosso estudo estão no livro de Provérbios, capítulo 6:6-11, que diz assim:

“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio.
Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.
Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados; Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante, e a tua necessidade como um homem armado”. (
Provérbios 6:6-11)

O autor de provérbios, que foi o mais sábio que já existiu, nos deixou através dessas palavras a lição de que a sabedoria é um auxílio do homem. A primeira parte do versículo 6 diz assim:

Vai ter com a formiga:  a despeito do seu minúsculo tamanho e fraqueza, as formigas são trabalhadoras diligentes e conseguem sobreviver galhardamente, seja qual for a sua espécie. Elas trabalham quando ainda está em tempo quente, fazendo provisões completas para os meses frios do inverno, quando o tempo se torna menos propício para juntar alimentos. Em contraste com as formigas, os homens, presumivelmente fortes e inteligentes, sofrem para simplesmente sobreviver por causa de uma desavergonhada preguiça.

Ó preguiçoso: no hebraico “acel”.  Esta palavra hebraica confina-se no livro de provérbios, que significa preguiça e negligência física, mas pode ter outras conotações, como por exemplo em provérbios 15:19. “O caminho do preguiçoso é cercado de espinhos, mas a vereda dos retos é bem aplanada”. Esse homem é contrastado com o homem reto, subentendendo que há algum pecado na vida do preguiçoso. O homem preguiçoso é irresponsável, quando se analisa provérbios 30:25; 10:26; 13:4; 20:4 e 26:16

A preguiça é um problema social.  Se a pobreza tem muitas causas, uma delas é que certas classes de pessoas não têm o desejo de trabalhar, nem podem ser inspiradas a fazê-lo. Elas preferem a pobreza ao trabalho, e mais uma vez em provérbios 19:24 podemos ver que há pessoas tão preguiçosas que, se apanham um pouco de alimento com uma das mãos, acabam não comendo, por serem preguiçosas demais para leva-lo à boca.

 “O ócio é apenas o refúgio das mentes fracas e o feriado dos insensatos”, como diz (Lord Chesterfield). Os homens são perseguidos por muitas pragas durante a vida, e a desculpa mais fácil é a praga da inatividade infrutífera.

As pessoas preguiçosas deveriam ser inspiradas pelas formigas, pois sem líder evidente as formigas, de pleno acordo, fazem o que precisa ser feito. A maioria dos homens, para trabalhar, precisa de alguém que lhe diga o que fazer.

Pesquisas modernas demonstram que as formigas dispõem de um intricado sistema de organização, mas não é claro que elas comuniquem seu sistema umas às outras. Um formigueiro é um lugar muito atarefado. Todos os membros do formigueiro trabalham, portanto é verdade o que diz Poor Richard: “Ninguém prega melhor do que a formiga, e, no entanto, ela nada diz”.  Já o homem preguiçoso diz: “Há um leão nas ruas”. E assim o preguiçoso nada tenta, pois engana-se e desiste antes mesmo de começar.

Prepara no verão o seu pão:  o autor sacro continua a mostrar as qualidades da formiga, que deveriam inspirar as pessoas preguiçosas, como a provisão diligente para o futuro, trabalhando no presente propício, é uma característica da formiga, que as pessoas preguiçosas não seguem. Os meses frios seriam fatais para as formigas, caso elas não fizessem estoque de alimentos para o inverno. As formigas trabalham durante o verão e dão toques finais nos preparativos durante o outono, isto é, o tempo da colheita, justamente antes de iniciar o frio. Era costume entre os árabes, pôr uma formiga na mão de uma criança recém-nascida e proferir bênçãos, como: “Que este menino cresça para ser um homem esperto!” mas os preguiçosos não se importam em ser espertos como as formigas.

John Gill recomendava aos jovens que têm a juventude e a força ao seu lado, que juntassem riquezas para a idade avançada e períodos de enfermidade. Por certo, essa é uma coisa que as pessoas poderiam fazer, e que os modernos planos de pensão tem atrapalhado tanto. Mas algumas pensões de aposentadoria são tão pequenas que até uma pessoas que formalmente se aposenta de algum trabalho, realmente não conta com coisa alguma para terminar os seus anos. Tais pessoas terminam dependentes de seus filhos ou da caridade pública. Algumas terminam em total angústia e pobreza abjeta.

Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? a partir deste versículo, o mestre deixa de lado a metáfora sobre as formigas e ataca diretamente o homem preguiçoso. Tal homem faz bem algumas coisas, como dormir e comer. Ali está ele agora, dormindo. Descansa por nada ter feito. O mestre procura despertá-lo do sono, mas ele continua deitado ali. Ainda não morreu de inanição, porque alguém tem misericórdia dele, dando-lhe o bastante para comer. Ele possui pouco dinheiro, também dado pela caridade alheia, mas se encaminha rapidamente para a mais severa pobreza, como se vê no versículo 11 em diante. As pessoas acabarão cansando de dar dinheiro a ele, sem resultado positivo algum. Esse homem dorme durante a noite e também durante o dia. Em contraste com tal homem, as formigas trabalham até durante a noite, à luz da lua.

Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar:  este versículo refaz ironicamente o versículo 9. O homem preguiçoso estava praticamente cataléptico. A carreira dele era feita do ato de dormir. O mestre gritou para ele, e ele conseguiu mexer-se um pouco. Mas logo recaiu no sono, dobrando as mãos sobre o peito, atitude de quem estava para dormir “um longo sono de inverno”. Esse homem sem dúvida tinha um problema tanto de atitude quanto de motivação.

Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante:  o homem era um vagabundo, alguém que saiu de alguma rua deserta, inesperadamente. Mas, alguns estudiosos apontam para uma pessoa má, que andava à caça de alguma má ação para praticar, um mero ladrão.  Ou então, a figura era simplesmente de alguém que viajava passo a passo, até que finalmente, chegou ao seu destino. Nesse caso, está em foco a inevitabilidade da chegada da pobreza. Enquanto o preguiçoso dorme, a pobreza acorre rapidamente a ele. Quando finalmente, ele acorda, a pobreza será sua companhia constante e indesejada.

E a tua necessidade como um homem armado: ele seria atacado e destruído por um soldado mostrando-se indefeso, ou então um ladrão armado que pode estar em vista. Seja como for, a incapacidade de defender-se do que possa acontecer, eventualmente está sendo enfatizada.

Mas se fores diligente, tua colheita será como uma fonte, e a pobreza fugirá para longe de ti.

Podemos ver que a Bíblia trata com muita seriedade sobre a preguiça, mas às vezes queremos ouvir palavras mais macias sobre nós e nossa condição. O que realmente precisamos é da verdade clara e firme da Palavra de Deus para prosseguirmos. Não precisamos de uma propaganda falsa sobre o Evangelho, precisamos da realidade nua e crua em nosso dia-a-dia.

Deus te abençoe!

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