Prevenir é melhor que remediar

imagem: envato

Para quem gosta de temas escatológicos, há muito assunto com a chegada desta pandemia causada pelo Coronavírus. No livro de Mateus, versículo 7, capítulo 24 diz que: “se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares”.

Há registros de outras crises em diferentes épocas, como a Gripe Espanhola de 1918, mas nunca com tantas repetições, em um curto intervalo de tempo e em diferentes continentes.

Em 2002, presenciou-se a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS, em sua sigla inglesa) com cerca de 800 mortes, iniciada na China e por um Coronavírus, a exemplo da atual. Sete anos mais tarde um mutante do vírus Influenza provocou o falecimento de 2000 pessoas somente no Brasil. Em 2012, um novo Coronavírus surgiu na Arábia Saudita e promoveu pânico em todo o mundo com a alarmante taxa de letalidade de 20 a 40%, dependendo da região geográfica atingida.

De um lado a globalização teve grande parcela de contribuição, por outro lado, vemos que esses vírus estão se tornando mais agressivos e com maior capacidade de disseminação entre as pessoas e de invasão dos tecidos profundos do indivíduo acometido.

Esta constatação nos faz perceber a nossa vulnerabilidade e dessa forma, tentamos compreender se existe alguma estratégia de defesa. Logicamente, evitar aglomerações, lavar bem as mãos, tossir educadamente a fim de evitar que gotículas atinjam alguém próximo, uso de máscaras, alimentar-se, hidratar-se e repousar adequadamente constituem maneiras eficazes de proteção.

Além dessas prevenções, temos fiéis aliados em nosso organismo, que respondem prontamente a um ataque de seres microscópicos externos e se destacam em verdadeiras batalhas por sobrevivência dentro de nós. Chamamos esses organismos de glóbulos brancos ou anticorpos, que fazem parte de nosso sistema imunológico. De modo simples, ilustramos estas células como sentinelas que vagam em nossa corrente sanguínea e tecidos adjacentes à procura de proteínas estranhas, deflagrando complexas reações químicas de destruição.

Se vírus e bactérias são capazes de evoluir, a medicina não fica atrás. Grandes biólogos e médicos descobriram, entre alguns avanços, a penicilina, uma revolução para o tratamento de infecções bacterianas outrora desanimadoras e que hoje são debeladas eficazmente por derivados penicilínicos ou afins. Outra modalidade é a dos soros, a exemplo do antirrábico e do antiofídico, que possuem a finalidade emergencial de combater proteínas nocivas externas rapidamente. Os soros representam anticorpos previamente preparados que neutralizam prontamente o veneno de uma jararaca ou o vírus da Raiva, inoculado pela mordida de um cachorro doente.

A breve noção da origem do soro encontra-se no Instituto Butantã em São Paulo. Lá, criam-se vários cavalos que são expostos a doses pequenas e repetitivas da peçonha do réptil ou de um aracnídeo. Ao longo do tempo, o sistema imune desses animais, produz quantidades cada vez maiores de anticorpos neutralizadores daqueles antígenos ou proteínas estranhas. Assim o sangue do animal é coletado e submetido a um processo de purificação de um produto, que serve como antídoto para o envenenamento.

Há um outro arsenal de defesa que a humanidade observou da natureza e o sofisticou, possibilitando chegarmos ao ponto em que estamos. Esta linha exige trabalho de nossa imunidade e oferece uma proteção mais duradoura, pois inflige memória em nossos leucócitos. No século XVIII, o médico britânico Edward Jenner percebeu que pessoas expostas à varíola de bovinos não contraiam a variante humana. Diante disso, ele inoculou parte da ferida das vacas em crianças e estas não mais contraíram esta virose. Esse processo acabou designando a vacinação e o produto da vacina.

Teoricamente, qualquer parte do microrganismo pode desencadear uma resposta imune, que é a sensibilização de nossas células brancas para reconhecer o intruso como agressor e começar a produção de anticorpos e outras substâncias que destroem o invasor ou impedem a sua propagação interna. Muitas vezes, o antígeno é o próprio vírus vivo, porém atenuado em sua ação nociva. No primeiro caso, cita-se a vacina tríplice que traz proteção contra tétano, difteria e coqueluche. No último, encontramos aquelas contra o sarampo, caxumba e rubéola.

Doenças catastróficas de 100 ou 200 anos atrás hoje são de fácil prevenção por este fantástico escudo invisível, que nos blinda das graves formas de tuberculose até os papilomavírus que incitam o câncer de cólon uterino, incluindo neste leque de cobertura vacinal, meningites, pneumonias, a hepatite B e febre amarela, bastando para esta proteção o calendário disponível em cada país (veja o calendário de vacinação para crianças e idosos).

Não perca tempo, proteja sua vida e a de seus filhos!

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