Sem tempo para o tédio?

O termo tédio tem a sua origem do Latim – “taedium”, que significa “enfado, tédio, desinteresse, repugnância”. Esse sentimento traz a sensação de enfado, ocasionado por algo lento ou um aborrecimento. Mas, afinal, quais são as causas e os efeitos que o tédio pode causar na vida das pessoas?

O tédio normalmente ocorre com um estado mental naturalmente impulsivo entre crianças, jovens e adultos que estão constantemente procurando novas experiências. Para elas, um caminho estável na vida não é suficientemente emocionante.

As distrações se tornaram parte do dia-a-dia das pessoas, muitos estímulos são oferecidos em apenas um clique, viajamos de um lugar para o outro através das redes sociais, participamos de assuntos culturais de toda parte do mundo e com isso, passamos a carregar informações, gostos, desejos, opiniões, dores alheias e sensações jamais experimentadas antes. Somos rápidos para compartilhar, julgar e até condenar.

A grande realidade é que a era da velocidade está cada vez mais presente, e nunca se viu tantos adultos falarem que mesmo com a quantidade de tarefas a serem executadas, para muitos, a vida parece ter perdido o sentido. E quanto as crianças? Como elas têm lidado com esse sentimento? Com o “ fique em casa”, vemos atualmente muitos prejuízos emocionais. Crianças com a fala: “mãe, não tenho nada para fazer” estão cada vez mais comuns. Além disso, rotinas desreguladas, emoções afloradas e sem subsídios para saberem como lidar com seus sentimentos e relacionamentos.

É fato, as causas do tédio na maioria das vezes surgem pela ausência da capacidade das pessoas de poder escolher e optar sobre aquilo que julga ser o certo em determinado momento, tomado por um desejo crescente de querer realizar algo diferente ou que julgue necessário. A Bíblia nos ensina que “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”. (Eclesiastes 3:1).

Queria fazer algo diferente, mas não tenho nada em mente”. Quantas vezes ouvimos essa frase? E mesmo com tantas opções: leituras, jogos, filmes, trabalho, estudo, passeios, ainda assim, nada em mente para suprir a necessidade de movimento!

Nessa configuração de “produtividade e agenda cheia”, há uma preocupação concreta dos pais em preparar os filhos para o mercado profissional no futuro. E o resultado está refletido no espelho da vida: crianças sobrecarregadas de afazeres, aulas extras e mais uma lista repleta de atividades.

Mais tempo livre? “Socorro!”,  gritam os pais que precisam trabalhar. O que impacta profundamente no desenvolvimento infantil. Ouço frequentemente em meu consultório, histórias de pais que ao verem os filhos angustiados, assumem uma necessidade de arrumar alguma coisa para distraí-los e aliviar o incômodo. Mas, essa nem de longe é a decisão mais assertiva.

Assim, é essencial compreender que as pessoas precisam ficar um pouco sozinhas, para fazer as coisas no seu tempo e até para desenvolver a criatividade —  ou simplesmente aprender a tolerar esse momento sem aflição. É preciso tempo para o tédio!

Alguns sentimentos são inevitáveis e saber lidar com o tédio ocasionará na aquisição de novas habilidades para saber lidar com os impasses da vida. Dependendo da faixa etária, faça uso de pausas periódicas para recuperar a energia e a atenção, afinal o nosso cérebro não realiza multitarefas, mas  sim, alterna tarefas.

Não precisamos de múltiplos estímulos a todos os momentos, mas garanta que você e sua família possuam o suficiente para aproveitar o presente.

Aryana Teodósia Lobo Pereira

Pedagoga. Neuropedagoga. Psicopedagoga clínica. Mentora de família. Palestrante. Idealizadora do Projeto Mulheres da Realeza e autora do planner Notas de Esperança. Membro da Igreja Batista Renascer. Contatos: (62) 98461-7208 @aryanalobo_mentoria

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