A Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria que coloniza a mucosa gástrica humana e está associada ao desenvolvimento de diversas doenças no sistema digestivo, tais como, gastrite, úlcera e câncer de estômago. A bactéria ainda está associada a outras patologias extra gástricas.
O desenvolvimento dessas doenças está relacionado a ativação de processos inflamatórios persistentes no epitélio gástrico, que progride em leão, pela presença da bactéria. A infecção por este microrganismo vem sendo classificada como uma das principais infecções bacterianas crônicas em todo o mundo. Estima-se que a prevalência da infecção por H. pylori seja de 50% em países desenvolvidos, sendo mais incidente em países em desenvolvimento, onde as condições sanitárias são precárias.
A infecção por esse microrganismo é geralmente adquirida na infância e pode persistir por toda a vida na ausência de tratamento. Um dos riscos da infecção é o fato de que a maioria dos casos são assintomáticos, razão pela qual os sinais aparecem ou são percebidos com mais frequência na vida adulta. As manifestações clínicas da infecção pela H. pylori irão depender da relação parasito-hospedeiro, determinada por diversos fatores, como: regulação da expressão gênica, resposta imunológica do hospedeiro, virulência, patogenicidade e heterogeneidade da cepa de H. pylori, além dos fatores ambientais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de câncer gástrico estão relacionados à infecção pela H. pylori. Por esse motivo, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC), órgão ligado a OMS, classificou a H. pylori como carcinógeno classe I para o desenvolvimento de câncer de estômago e orienta sua erradicação como estratégia para prevenção. O câncer de estômago é o sexto mais comum, com 1,03 milhão de casos e o terceiro mais letal, com 783 mil mortes por ano no mundo. Em sua última publicação, o Instituto Nacional de Câncer (INCA), informa que o câncer de estômago é o quinto mais frequente no Brasil, o quarto mais frequente em homens e o quinto em mulheres na região centro-oeste.
A disseminação da infecção geralmente ocorre no ambiente familiar, sendo as vias de transmissão mais comuns: oral/fecal (contato com saliva – beijo, regurgitação do suco gástrico, água e alimentos contaminados), iatrogênica (desinfecção não eficaz das sondas e endoscópios antes de procedimentos gástricos) e a via zoonótica pelas moscas.
Como posso então evitar a infecção? Recomenda-se condições de higiene e sanitárias adequadas. A simples lavagem das mãos e dos alimentos é essencial, além de uma dieta alimentar saudável e equilibrada, incluindo a redução do consumo de enlatados, embutidos, condimentos e frituras. No entanto, é importante considerar que para aqueles que convivem com quem já foi diagnosticado com infecção por H. pylori, independente se tratada ou não, é interessante procurar um especialista em gastroenterologia. A infecção felizmente possui tratamento, mas a prevenção é a melhor forma de evitá-la!