Vocês jamais poderão ter filhos!

Não seria essa uma afirmação forte demais? Ou seria algo comum e aceitável para os nossos dias? Inúmeras passagens bíblicas demonstram a relevância dos filhos e poderíamos passar anos estudando as histórias de Sara e Abraão, Rebeca e Isaque, Raquel e Jacó, Ana e Elcana e até de Maria e José. Por outro lado, a sociedade atual se prende aos conceitos de feminismo, machismo e individualismo. Neste cenário, mesmo cientes dos milagres que Deus operou, por vezes, somos impulsionados a pensar que maternidade e paternidade não são tão fundamentais assim, que não existe a necessidade de ter filhos, ou que não se poderá tê-los.

Estamos no mês das mães, logo você pode imaginar que se trata de mais um texto de homenagens e motivações. Não, vamos compartilhar um pouquinho de alguns marcos de nossa família e destacar o quanto a maternidade e a paternidade caminham juntas para o cumprimento das promessas de Deus.

A nossa realidade de saúde para gerar filhos era a seguinte: ovários policísticos, 12 cálculos renais, esofagite, gastrite, 100% da vesícula comprometida, toxoplasmose, trombose venosa profunda na perna esquerda, uma embolia pulmonar bilateral e no entroncamento, seguida de vários infartos e um aborto espontâneo.

Poderíamos escrever páginas e mais páginas relatando os detalhes de cada enfermidade que passamos, de como é passar dias em uma cadeira de rodas, como é triste a dor da perda de um ou mais filhos, como uma cólica de rins pode ser enlouquecedora, a experiência de ficar sem se alimentar por vários dias, relembrar a insuportável falta de ar e a dor da embolia, como é não conseguir falar, ver o sentimento de pena no rosto das pessoas ao verem que depende de uma cadeira de rodas. Sem dizer a reação daqueles que  sabem do diagnóstico que parece não ter outro destino que não seja a morte, ou, remotamente, a sobrevivência com sequelas irreversíveis.

Além disso, também poderíamos nos debruçar naquilo que os exames ou os próprios médicos nos diziam. Naquele tempo, psicólogos e assistentes sociais tentavam nos explicar que a embolia pulmonar que minha esposa tinha sofrido era tão grave que a morte se daria no corredor do hospital.

Mas também poderíamos escrever mais ainda sobre  a cura maravilhosa e extraordinária que ela recebeu e de como os médicos a obrigavam a repetir os exames, inúmeras vezes, procurando sequelas e não existindo uma sequer. Ou ainda, de como sofremos para encontrar médicos que aceitassem liberar e acompanhar a gravidez. Por muito tempo a frase mais ouvida foi:  VOCÊS JAMAIS PODERÃO TER FILHOS!

Mesmo assim, após sermos agraciados, milagrosamente, com a cura e ausência de sequelas e com duas gestações perfeitas e saudáveis (1 casal de filhos), ainda sonhávamos com o terceiro filho e tentamos por quase 1 ano sem sucesso. Após vários exames, o resultado foi desastroso, descobrimos que eu estava doente e não ela. Tratava-se de varicocele bilateral no grau III, sendo que o espermograma detectou que a qualidade dos espermas estava abaixo de 1%. Esse diagnóstico foi fechado e comprovado por vários exames, pois o problema era grave e progressivo, e assim, o médico chegou a conclusão de que teria que fazer uma cirurgia imediatamente.

Realmente não poderíamos ter mais filhos caso a cirurgia não fosse realizada. Mesmo assim, somente depois de 6 meses é que deveríamos começar a tentar, mas sem garantias. Optamos então, por não realizar a cirurgia e por entregar a Deus aquela situação. Oramos pela cura e para que se fosse a vontade de Deus que tivéssemos mais filhos, Ele daria, caso contrário, estávamos muito gratos pelos filhos que já tínhamos (também milagres).

Todos os dias, orávamos juntos para que nossos filhos não fossem para nos engrandecer, mas para a honra e glória do nome d’Ele. Alguns dias depois, tive um sonho que nos gerou a certeza de que havia algo da parte de Deus. Um mês e meio depois do sonho, a oficialização: uma nova gestação!

Durante o exame do ultrassom, presenciamos um grande milagre, uma gestação de gêmeos, totalmente natural, ou melhor, sobrenatural!

O médico explicou que se tratava de um fenômeno muito raro, que consiste na transformação de um feto em dois, ou seja, quando há a fecundação de um óvulo por um espermatozoide e, posteriormente, se dividem em dois. Deus multiplicou nossa bebê em duas!

A gestação ocorreu de forma completamente saudável, plena e tranquila quanto ao desenvolvimento das nossas bebês. Mesmo nascendo prematuras, com 35 semanas, elas estavam saudáveis, grandes e fortes, considerando a idade e por serem gêmeas. Não precisaram de UTI ou qualquer outra necessidade comum a gêmeas prematuras.

Estávamos muito felizes, porém algo inimaginável e trágico aconteceu durante o parto. Uma bactéria se alojou na cesárea e após dois dias, minha esposa sequer conseguia andar. Saiu da maternidade de cadeira de rodas e assim, foram dias sem levantar da cama com dores insuportáveis, calafrios, febre, tremedeira e mal-estar generalizado.

Sinais como uma faixa vermelha enorme abaixo dos seios, até os joelhos apareceram. Imediatamente ligamos para o médico e ouvimos que em questão de poucas horas ocorreriam mais complicações e ela poderia morrer por infecção generalizada. Mas, o pior ainda estava por vir. Por causa da infecção, minha esposa sofreu outra trombose venosa profunda na perna e outra embolia pulmonar com vários infartos, o que a fez ser enviada para a UTI. Foram dias terríveis longe dos nossos filhos.

Após o tratamento com antibióticos intravenosos fortes, por quase 1 mês, exames demonstraram que o organismo estava com bactérias gram negativa e gram positivas (forma de classificação de bactérias), resistentes a todo o tratamento que ela tinha feito. No entanto, algo inexplicável aconteceu: segundo os infectologistas, o organismo da minha esposa tinha se curado inexplicavelmente sozinho, ou seja, mais um milagre de Deus!

Mas, a luta ainda não tinha terminado: quinze dias após a cura, sem sabermos ao certo como, o nosso bebê mais velho foi infectado com Covid-19, descobrimos que todos nós também estávamos contaminados, exceto as gêmeas. Nos primeiros dias nossos bebês, com dois e três anos,  ficaram acamados. Eu passei dois dias na emergência, longe da esposa e dos filhos e graças a Deus, meus pulmões estavam intactos. Já a minha esposa, que jamais poderia ser infectada pelo vírus, também ficou muito doente na época.

Mas, mais uma vez, o Senhor teve misericórdia e nos deu forças para superar tudo isso. Todos os oito médicos que nos acompanharam disseram que não havia possibilidade da minha esposa sobreviver a tudo isso, que só o fato de ela estar viva já seria um grande milagre.

Em todos esses momentos difíceis da nossa vida, o Pastor João Queiroz sempre esteve nos acompanhando e orando por nós, juntamente com toda a igreja, alguns amigos e familiares.

Sim, o Eterno nos deu a vitória para exaltar e glorificar o nome d’Ele!

Escrevemos nossa história hoje para contar a você leitor da Revista Renascer, o quanto estamos ainda mais gratos e felizes com nossos 4 filhos vivos. A vida de um servo de Deus não é fácil, mas cabe a nós tomarmos posse do que Deus tem para nós. Assim, o conselho que damos para vocês, através da nossa experiência e principalmente da Palavra de Deus é que orem, clamem a Deus e confiem n’Ele.

Sim, a maternidade e a paternidade são presentes de Deus em nossas vidas. Não existe carreira profissional ou ideologias que possam superar os planos de Deus, pois são sempre perfeitos! Nós não merecemos, mas acreditamos, confiamos, esperamos, oramos e fomos surpreendidos de forma extraordinária.

A Palavra de Deus nos orienta: “(…)Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi. Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes”. (Isaías 44:2-3).

Bendito é o nome do Senhor!

Paulo e Narcilene Lemes

Paulo Henrique Araújo Lemes Machado Advogado no Moreira & Machado Advogados; especialização em Direito Tributário; escritor; produtor rural; casado; pai de 4 filhos; diácono e professor do Ministério Infantil da IBR; fundador do Casais de Valor @paulolemesmachado ----- Narcilene Moreira Machado Lemes Advogada no Moreira & Machado Advogados; mestrado em Direito Agrário; especialização em Direito - Penal, Difusos e Coletivos e Processual; professora de Direito - UFG; escritora; produtora rural; casada; mãe de 4 filhos; diaconisa e professora do Ministério Infantil da IBR; fundadora do Casais de Valor @profa.narcilene

Você também vai gostar de ver

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
0
Would love your thoughts, please comment.x
()
x