Isso depende. Se for um tronco grande e grosso, ao escavar todo seu miolo, como os indígenas faziam utilizando o fogo, é possível transformar este tronco em uma embarcação para duas ou mais pessoas ou para um bocado de indiozinhos serelepes.
As canoas modernas são feitas com muitas tábuas. Todavia, elas precisam parecer com o tronco da árvore gigante no sentido de não permitir que a água entre, senão vai literalmente tudo por água abaixo. A jangada rústica é feita com várias toras mais finas de madeira e flutua no rio, isso desde o período neolítico. Nesse caso, é preciso ter uma vela, um pedaço de pano que capture o vento e conduza a embarcação ao seu destino. Os pescadores fazem isto até hoje, com uma bússola, aventurando-se no alto mar. Uma coisa é certa, dá até para sobreviver a um afogamento se agarrando a um tronco que paira sobre a correnteza. O importante é salvar a vida. Uma arca já é algo bem mais engenhoso. A mais conhecida levou um século para ficar pronta, contando é claro, desde o corte das árvores, passando pelo preparo da madeira e terminando com o revestimento com betume, uma espécie de cimento natural impermeabilizante, para garantir que todos ficariam são e salvos até o dilúvio passar.
A expressão “vou te mostrar com quantos paus se faz uma canoa” é um arroubo quase milenar e parece estar associado à canoa de uma tora só. Provavelmente o esbravejante pai quer dizer ao filho quem é que manda, quem está no controle, de que madeira forte (certamente se referindo a si mesmo) é feita a canoa que conduz tudo e todos no mesmo barco, o chefe da tribo.
A canoa, a jangada e a arca precisam cumprir muito bem seu propósito, senão, dadas as devidas circunstâncias, podem fazer com que tudo que esteja sendo conduzido por elas pereça, principalmente vidas humanas. Todas precisam de um líder: um canoeiro experiente, um jangadeiro perito ou um Noé!
A igreja do Senhor é, por vezes, comparada à arca, onde se abrigam todos os viventes que precisam sobreviver às turbulentas ondas e tempestades que assolam a vida de todos. Uma canoa pode ser um pequeno grupo, uma pequena estrutura de acolhimento para ajudar um e outro na travessia difícil. Uma jangada pode ser comparada às vidas entrelaçadas que dão suporte a outras vidas até que estejam na margem segura.
Alguém que conhece bem a direção e a força dos ventos precisa estar no comando! Mesmo um grande barco, feito de incontáveis tábuas, precisa de um leme, um timão e um sábio comandante! Uma ordem errada ou uma instrução mal feita pode deixar o barco à deriva, acabar em naufrágio e todos a bordo podem perecer. Até um tronco forte que consegue flutuar sobre as águas revoltas, pode ser um irmão que se estende a outro irmão e oferece apoio e segurança naquele fatídico dia em que as águas turvas e bravias insistem em engoli-lo!
Seja como for, as tábuas precisam estar unidas, sem brechas, cimentadas pelo betume do amor. Quem conduz, isto é, a autoridade no comando, precisa ser guiada pelo senso de direção que só o Espírito Santo, em concordância com a bússola chamada Bíblia Sagrada traz.
Jesus precisa, necessariamente, estar presente. Ele tem poder para acalmar a tempestade, fazer com que se aquietem as ondas e até nos fazer andar sobre as águas, se preciso for.
Vivamos em unidade! Assim quem olhar para a Igreja, não vai saber onde começa uma vida e termina outra, parecendo até a grande canoa feita a partir de um tronco gigante, onde cabem milhares de vidas, na travessia para a margem celestial!