Como ensinar as crianças a lidar com as frustrações

Buscando o significado da palavra “frustração” no dicionário da psicanálise vemos a seguinte definição: “estado de um indivíduo quando impedido por outrem ou por si mesmo de atingir a satisfação de uma exigência”, ou seja, ela acontece quando o indivíduo é de alguma forma, impedido de atingir seu objetivo.

Todos nós, independentemente da idade, vivemos situações de perdas, dores, emoções negativas e insatisfações pessoais. Porém, a frustração ensina, fortalece, gera persistência, resistência e resiliência. A criança que aprende a lidar com as emoções negativas, desenvolve melhor o seu potencial, tornando-se um adulto emocionalmente saudável.

A plasticidade cerebral da criança na infância é intensa, e ensiná-la a lidar com desapontamentos é um estímulo positivo, pois esse “treinamento” faz com que ela possa progredir nas próximas vivências de decepção. A região do cérebro responsável pelos impulsos e questões relacionadas à flexibilidade, chamada de córtex orbitofrontal, é a sede de nosso comportamento.

Para que haja um crescimento saudável, é preciso conversar com a criança e explicar que os contratempos muitas vezes irão aparecer, pois isso é inevitável.

Dessa forma, dizer para a criança que na vida ouvirão muitos “nãos” é fundamental. Nessa situação, o acolhimento e a paciência dos adultos são fundamentais.

Vivemos na lei da compensação e todos estão em busca do sucesso, porém sabemos que no caminho encontraremos obstáculos e curvas dolorosas. O grande problema é que estamos tão ocupados com o nosso trabalho e com as preocupações da vida, que se torna mais fácil ceder do que ter o trabalho de conversar. Dizer “não” sempre dará mais trabalho que dizer “sim”. O resultado de tudo isso é uma geração de pais que, pela ausência, compensam seus filhos com bens materiais, se eximem de educar e acabam gerando “pequenos reizinhos”, que no futuro não saberão lidar com outras pessoas, com as exigências externas e até consigo mesmo.

O curioso é que nos consultórios de psicologia não ouvimos crianças em crise pelo fato de não irem a Disney ou porque não ganharam um determinado brinquedo, muito pelo contrário, atendemos inúmeras crianças com excessos, abastecidas dos melhores brinquedos, boas viagens e excelentes escolas, contudo ansiosas, depressivas, com baixa estima, relações interpessoais conturbadas e tantos outros prejuízos emocionais.

Para que as crianças possam se desenvolver de forma saudável, é necessário gerar nelas autonomia, capacidade de aceitação e compreensão da vida, além de mostrar como as coisas funcionam.

Tudo isso deve ser feito de maneira equilibrada, pois esta é uma fase de muita fantasia e de novas e importantes descobertas, portanto não se deve omitir a verdade.

Pouco a pouco elas descobrirão os motivos dos “nãos” e as frustrações serão aceitas como parte positiva de um processo natural da vida, trazendo amadurecimento e aprendizado contínuo.

Ensinar as crianças a lidar com as frustrações da vida, pode ajudá-las a gerenciar o estresse e seus sentimentos de ansiedade e incerteza. Assim, ela irá aprender a enfrentar as adversidades com coragem e destreza, se tornando um adulto saudável emocionalmente. 

Amanda de Sousa Pinto Andrade

Psicóloga Comportamental pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, pós-graduada em Neuropsicologia com ênfase em atendimento infantil e adolescência

Você também vai gostar de ver

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
0
Would love your thoughts, please comment.x
()
x