CRIANÇA: O que precisa SER quando crescer?

imagem: envato

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A primeira infância é considerada a fase de maior importância para o desenvolvimento da personalidade do ser humano. É nessa fase que princípios, valores e conceitos são solidificados. Sociólogos, psicólogos e médicos afirmam que o psiquismo e a inteligência das crianças durante os seis primeiros anos de sua vida são extremamente receptíveis à novas descobertas e aprendizagem, e que podem facilmente permanecer em um baixo nível e ainda se atrofiarem, caso tais crianças não tenham a possibilidade de ter experiências sociais diversificadas e enriquecedoras.

Por isso é de extrema importância estabelecer condições favoráveis para atender as necessidades psicossociais da criança nessa faixa etária, proporcionando assim um ambiente adequado para que o seu desenvolvimento aconteça de forma  harmoniosa, tanto no aspecto social quanto emocional e intelectual. Essa premissa poderá contribuir e muito para a compreensão de como viver melhor esse período da vida.

Essa fase inicial da criança, portanto, não pode estar presa em formar e preparar a criança para enfrentar outra fase de sua vida. O sentido da infância deve ser o de contribuir para o desenvolvimento da criança a fim de que ela realize todas as características humanas do período em que está vivendo, pois essa fase determinará o que realmente virá a ser quando se tornar adulta.

As atividades e rotinas desenvolvidas devem vir de encontro ao nível e a realidade infantil. Um dos contextos mais importantes e relevantes para essa fase, como já foi mencionado, é a formação de conceitos, e esta se dá, principalmente, partindo do concreto para o abstrato, por meio de fantasias, imaginação e criatividade.

As crianças entre 0 e 6 anos aprendem por meio de exemplos, e tem a tendência de copiar aqueles com as quais convivem e passam a maior parte do  tempo. Talvez por isso a necessidade de expô-las à situações práticas que as façam compreeder e internalizar a importância de certos princípios e valores essenciais para a convivência em sociedade, como: bondade, compaixão, ética, honestidade, respeito, solidariedade, etc. Essa internalização deverá acontecer de forma que a criança construa esses conceitos significativamente, ou seja, tudo a seu tempo e ritmo adequado, proporcionando-lhe autonomia e levando-a a ser protagonista de suas experiências. A respeito disso Jean Piaget, psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil, afirma: “Cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança alguma coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi impedida de inventar e, consequentemente, de entender completamente”.

Dessa forma, a figura de um adulto passa a ser essencial no processo de internalização desses conceitos, pois, é ele quem irá mediar descobertas, fantasias e imaginação, utilizando da criatividade e autonomia infantil para assim externalizar de forma positiva o que foi apresentado à criança.

Sobre essa mediação Lev Vygotsky, psicólogo bielo-russo pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida, dá ênfase em situar quem aprende e, aquele que ensina como participantes de um mesmo processo, coloca aquele que aprende e aquele que ensina numa relação interligada, como um pressuposto da relação eu-outro social.

Diante de tantos estudos e experiências a conclusão a que chegamos é de que a estimulação adequada nos primeiros anos de vida é indispensável para o desenvolvimento intelectual da criança. Com isso, na fase inicial da criança  deve-se oferecer um ambiente intelectualmente enriquecedor, com uma diversidade de materiais concretos que induzam seus estímulos à curiosidade e descobertas. A experiência da criança, em diferentes ambientes é ativa e, ao mesmo tempo que ela modifica um determinado ambiente, ela é modificada por ele, interagindo com outros indivíduos.

Dessa forma, as crianças compartilham histórias, desenvolvem costumes, formam hábitos dentro de seu grupo social, garantindo, assim sua grande capacidade de adaptação com os mais variados meios físicos e sociais. Essa interação vai além de tudo favorecer um ambiente intelectual enriquecedor, tão importante para o desenvolvimento na fase infantil quanto para as demais fases da vida.

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