A primavera e o verão são as estações mais badaladas do ano no Brasil. As flores, o sol, os frutos e as chuvas são representações constantes nas propagandas, nas canções, na moda, na arte. Tão logo chegam as primeiras chuvas tradicionalmente na primeira quinzena de setembro, após um período frio, seco, enfumaçado e poeirento, parece que até os nossos ânimos se revigoram. O cheiro da terra molhada, o reverdecer do capim na beira da estrada, das árvores e das pastagens, o canto da passarada, a brisa úmida, tudo nos lembra renascimento, recomeço.
Logo depois das flores nos jardins vem as cargas de flores nas jabuticabeiras, do pequizeiro, das mangueiras. De repente, onde havia inflorescências estão os caules enegrecidos por jabuticabas, o cheiro doce do pequi espalhado pelo chão e as mangas coloridas debruçando sobre os muros dos quintais no interior. As árvores frondosas que pareceram repousar por longos meses agora estão acesas, despertas, vibrantes à brisa matutina, vigorosas outra vez. Devaneios poéticos à parte, sabemos que toda planta existe com uma função na natureza, no reino vegetal. Umas existem para enfeitar os jardins, gramados e vasos, outras tem vida curta, mas únicas em beleza. Umas são raras em formatos e cores, outras são ótimas apenas para cercas-vivas. Umas afugentam insetos predadores, outras atraem polinizadores. Umas são defensivas em espinhos, outras exalam perfumes e rendem nardos caríssimos. As utilidades são inúmeras.
Em meio a esta diversidade de cheiros, texturas, formas e fragrâncias, as frutíferas ocupam um lugar especial. Suas flores são prenúncio de frutos. Se não florescerem, os frutos não virão. Uma coisa é certa: todas precisam de cuidados, de podas, de regas, de serem nutridas, de serem cultivadas. Na maioria dos casos, a própria natureza provê a chuva, os nutrientes do solo, a luz solar para fotossíntese, tudo a seu tempo e como uma orquestra silenciosa. Tudo é tão sincronizado e harmônico que se torna impossível acreditar que tudo é obra do acaso. O mesmo Deus que cobre os campos de flores com as quais nenhuma indumentária real se pode comparar é o mesmo inventor do ciclo hidrológico que provoca a chuva no tempo certo, que fez o sol como fonte de energia e proveu o caldo nutritivo no solo de suporte.
E quanto a nós, devemos florescer ou frutificar? Também fomos criados com um propósito. Jesus nos compara a árvores frutíferas, não é mesmo? Fomos enviados para dar frutos permanentes e deixar que o Espírito Santo produza seu fruto em nós. Esta será a única maneira de exercermos uma influência positiva na sociedade. O amor é a essência desse fruto. A presença do Espírito Santo é o cuidado de Deus para conosco, na edificação de sua igreja, que nos atribui o senso não apenas de pertencimento a um reino espiritual, mas de propósito em vida. Seremos como plantas floríferas, que mesmo em meio à adversidade, desertos e tempestades, faremos diferença com nosso bom perfume e beleza espiritual. Seremos árvores frutíferas quando provermos de cuidados os carentes e famintos ao nosso redor, tanto física quanto espiritualmente. Pense bem: uma flor artificial pode até enfeitar um ambiente, mas não há vida ali. Um fruto, por sua vez, só cumprirá seu papel se for verdadeiro. Sejamos árvores frutíferas. Se precisar, repouse, mas depois volte com tudo! Se necessário, submeta-se a uma poda, para dar mais frutos ainda, para a glória d´Aquele que te criou!