Graduando em gratidão

imagem: envato

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Nesta 52ª edição da Revista Renascer, quero compartilhar com os caros leitores, sobre “graduando em gratidão”, ou seja, indo para um novo nível. Quando falamos em níveis de escolaridade, usamos termos como ensino médio ou superior completo. Hoje, precisamos desejar nos graduarmos em gratidão! Está preparado (a)?

Em nossa rotina espiritual e ministerial, muitas vezes nos acomodamos por conta do que Deus faz em nossas vidas, no entanto a minha reflexão é para que possamos permanecer famintos e sedentos por Ele, empolgados com a graça e com o favor do Senhor.

Para falar sobre a graduação em gratidão, vamos observar a vida de grandes personagens nas Escrituras. Começando com Moisés, que na minha opinião, é o principal líder que existe na Bíblia. Podemos encontrar um “discurso de formatura” ao analisar a vida de Moisés, chamado para libertar o povo do Egito. Ele que transmite a sua experiência de relacionamento profundo com Deus, em forma de ensinamentos para o povo.

Em nossa vida, muitas vezes não prestamos atenção nesses discursos. Na formatura, por exemplo, só queremos jogar os nossos chapéus para cima e comemorar por estarmos formados, e não atentamos a ouvir conselhos sobre o que nos espera no próximo dia. Em Deuteronômio, observamos que o povo ainda teria batalhas para enfrentar, e vemos Moisés orientando-os, como quem diz “tenham isso em mente, israelitas, antes de entrar na boa terra que o Senhor dará, nunca se esqueçam de quem te trouxe até aqui”.

Muitas vezes, nós não enxerguemos as provisões de Deus e murmuramos. Moisés sabia que o povo tinha tendência a esquecer e a reclamar, afinal, ele os conhecia, pois os liderou por 40 anos. Moisés dizia que eles estavam indo para um lugar melhor e profetizava o potencial da terra prometida, mas também passou a apontar as inclinações do povo para as murmurações e para o pecado, o que os levava  a se esquecerem do provedor.

Podemos entender que muitas coisas podem ser bênçãos, mesmo quando passamos por dificuldades. No entanto, as bênçãos de Deus precisam estar ligadas ao hábito de gratidão.  Você pode estar rodeado de muitas bênçãos e oportunidades, mas se você não sabe como transformá-las em gratidão e louvor, tudo estará perdido! Um coração ingrato gera orgulho, que nunca será cheio de alegria e contentamento.

Assim, o “discurso de formatura” de Moisés para os israelitas está dizendo “o que vocês precisam não é de outro nível de realizações e acumulação, mas sim de um outro nível de apreciação pelo o que vocês já têm. Se vocês crescerem em bênçãos, mas não crescerem em gratidão, o que vocês ganharam?”.

Se Deus lhe deu algo, mas você não sabe o que fazer com isso, então o que foi recebido não irá te fazer feliz. Um exemplo, é que muitos de nós pedimos uma família, mas se nós não conseguirmos apreciar a nós mesmos, não conseguiremos “abrir o presente” e usufruir dele.

Existem vários estudos que dizem que pessoas felizes não são aquelas que têm o melhor de tudo, mas os que fazem de tudo o que têm, o melhor. Provavelmente, você conhece alguém que aparentemente possui menos que você, mas tem uma vida mais feliz. O fato é que a gratidão não é natural, e podemos ver isso quando alimentamos uma criança de até dois anos de idade, que não consegue ainda ser grato pelos sacrifícios que os pais fazem.

A gratidão sem prática, é como se fosse a fé sem obras. A sua alegria não é produzida somente pelo o que você diz que possui em seu coração, mas pelos hábitos que você constrói. A Bíblia, no Salmos 107, nos ensina: “Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre”. Não podemos esquecer de expressarmos isso.

Por isso, o meu conselho é para que você dê nome aquilo que é grato, para que não façamos como os israelitas, que eram esquecidos e murmuradores. O Senhor nos alimenta com uma fidelidade incomparável, do seu amor e esperança. Como podemos ficar de braços cruzados enquanto estamos sendo alimentados tão bem? Depois que tivermos comido e satisfeitos, devemos louvar e agradecer a Deus.

A verdade é que foi necessário que Moisés ensinasse aos israelitas, assim como ensinamos as crianças a serem gratos pelo alimento. Essa é a base do louvor. Podemos ser gratos pelos pulmões, pelas nossas roupas, pela visão, pela esposa que nos encoraja, pela nossa família e pela graça derramada em nossas vidas.

Seu louvor está atrasado? Coloque ele em dia hoje. Você tem andado por bênçãos que você pediu, e ainda não parou para agradecer? Quando você se gradua na atitude de gratidão, você adquire um hábito de ser sempre grato.

Eu não quero ser o tipo de cristão que só agradece a Deus quando Ele está me servindo, ou um adulto sentado em uma mesa de criança. É tempo de se graduar! E para isso, precisamos de um outro personagem para nos dizer mais um “discurso de formatura”. Precisamos de Davi! Moisés estava ensinando o povo a adorar a Deus, no nível da provisão. Mas Davi, por conta de suas experiências, criado como pastor de ovelhas, e ungido rei de Israel pelo profeta Samuel, nos ensina um novo nível de gratidão.

O interessante é ver que Davi tinha uma marcante habilidade de lembrar de onde ele tinha vindo, e isso fazia ele ser grato. Ele era sempre guiado para esse senso de retornar a Deus, o dono de todas as coisas. Então, Davi entra em cena para nos dar um entendimento mais profundo, de uma gratidão madura. Davi nos convida a movermos da mesa de criança para a mesa de banquete.

“O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver”. (Salmos 23:1-6).

Nessa mesa, aprendemos a agradecer a Deus pelo o que nós não temos. A fé, é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Essa é a mesa onde aprendemos a confiar em Deus.

E por fim, precisamos de mais um discurso de formatura. Para graduar, precisamos aprender a agradecer de prisões, com espinhos na carne. Então, podemos olhar para o discurso de Paulo aos “formandos” da igreja de Filipos.

Mesmo na prisão, existiam pessoas que estavam causando problemas para ele, na tentativa de fazer com que Paulo fosse executado. Então, na carta aos Filipenses, capítulo 1 no verso 18 ele diz: “Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me”.

É como se Moisés houvesse nos tirado do jardim de infância, Davi nos leva a faculdade, e agora Paulo nos leva a um nível mais elevado de fé. Paulo retira os seus próprios problemas do foco, se alegra porque o propósito estava sendo cumprido e Cristo estava sendo pregado. Não se trata de adorar pela dor, mas adorar pela pessoa que,  através da dor, você tem se tornado.

Estando na mesa do Senhor, nós confiamos em quem está preparando as coisas. Não questionamos ou murmuramos, mas agradecemos por cada ingrediente que Ele coloca em nossas vidas, pois sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam ao Senhor.

Hoje, o Senhor nos diz: “Provai e veja que o Senhor é bom”. Um  ingrediente, na preparação de um alimento, pode não ser saboroso isoladamente, mas ele é fundamental para que se forme o sabor final.

Assim, algumas circunstâncias não são boas, mas elas produzirão bons resultados. Então, te convido para evoluir da mesa de criança, passando pela mesa do agradecer “mesmo que”, até alcançar a estrutura de varão perfeito.

Permita que Jesus exerça influência em sua vida, até o ponto em que você viva uma vida de gratidão ao Senhor.

Deus te abençoe!

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