O que está acontecendo com o clima?

A pergunta acima tem sido feita atualmente por milhares de pessoas no mundo. O termo “Clima”, constitui o estado médio e o comportamento estatístico das variáveis de Tempo (temperatura, chuva, vento, etc.) sobre um período longo, por pelo menos 30 anos em uma localidade. Já o Tempo é o conjunto de condições atmosféricas e fenômenos meteorológicos que afetam a biosfera e a superfície terrestre em um dado momento e local, destacamos que o tempo está sempre passando por mudanças. Essa explicação é importante para que não haja confusão sobre os termos.

A medida mais fundamental do estado climático da Terra é a média anual da temperatura do ar junto à superfície. Variações anuais e mesmo decenais nesse valor podem ocorrer devido a processos puramente internos ao sistema climático. Por outro lado, os fatores forçantes podem, por sua vez, ser de origem natural ou antropogênica (originados pela ação humana).

A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma que períodos de intensa atividade geológica lançaram à superfície quantidades colossais de gases que formaram, de tempos em tempos, uma espécie de bolha gasosa sobre o planeta, criando um efeito estufa natural. Os gases do efeito estufa absorvem a radiação de ondas longas (infravermelho) emitida da superfície para cima, sendo redirecionadas de volta para a superfície.

Parte da energia é irradiada novamente ao espaço. Assim, qualquer fator que altere esse processo afetará também o clima global. Um exemplo é o aumento das emissões dos gases de efeito estufa, observado principalmente nos últimos 150 anos, com isso, o calor passou a ficar retido. Em muitas partes do mundo o clima variou suficientemente nos últimos milhares de anos para afetar os padrões de agricultura e assentamentos humanos.

Dessa forma, as mudanças climáticas podem ser decorrentes de processos internos naturais, forçantes externos naturais, ou ainda mudanças advindas do uso humano da Terra. Afinal,  existem evidências inequívocas de que as atividades humanas já começaram a influenciar o clima.

Desde 1750, nos primórdios da Revolução Industrial, a concentração do CO2 – o gás que impede que a radiação infravermelha se dissipe nas camadas mais altas da atmosfera e se perca no espaço – aumentou 31%, e mais da metade desse crescimento ocorreu nas últimas décadas. Durante os primeiros séculos da Revolução Industrial, de 1760 até 1960, os níveis de concentração de CO2 atmosférico aumentaram de forma significativa.

A partir da década de 1970, a temperatura do Planeta sobe de forma contínua e crescente, sendo que a atual década (2010-20) é não só a mais quente, como também é aquela que apresenta a maior variação decenal. Os 20 anos mais quentes foram registrados nos últimos 22 anos, sendo que os anos de 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ranking, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Na década passada o aumento decenal saltou para 0,44ºC, um ritmo nunca visto nem na série de 1880-2020.

Estima-se que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a 1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual (IPCC, 2021).

A mudança climática está afetando todas as regiões do planeta de muitas maneiras, é indiscutível que as atividades humanas são as causas dessas mudanças. Algumas consequências notáveis do aquecimento global foram já observadas, como o derretimento de geleiras nos pólos e o aumento do nível do mar. Os modelos globais de clima projetam para o futuro ainda com algum grau de incerteza, possíveis mudanças em extremos climáticos, como ondas de calor, chuvas intensas com enchentes e secas mais frequentes e severas. No Brasil espera-se um aumento de temperatura (2 a 3°C) e diminuição da precipitação (-10 a -20%), principalmente na região central do país.

Para diminuir o aquecimento global, é preciso reduzir significativamente o consumo dos combustíveis fósseis. São necessárias reduções fortes e rápidas nas emissões dos gases de efeito estufa (CO2, metano e outros exemplos) para reduzir os efeitos no futuro.

Portanto, uma vida sustentável é necessária e urgente. Fiquemos atentos!

Widinei Alves Fernandes

Doutor em Geofísica Espacial pelo INPE. Professor do Instituto de física da UFMS.

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