O que fazer com a ansiedade infantil?

Em tempos de pandemia,  crianças e adolescentes estão sofrendo, direta e indiretamente, os efeitos estressores. Mudanças na rotina e no ambiente, novos desafios impostos pelas circunstâncias do vírus e da rotina das pessoas e até mesmo as emoções vivenciadas pelos pais, são fatores que podem desencadear problemas emocionais, comportamentais e também transtornos mentais.

A ansiedade pode afetar pessoas de qualquer idade, mas em nível patológico, tem um impacto muito grande na vida social e escolar das crianças e com graves consequências futuras. Os problemas de saúde mental “e ansiedade é um problema de saúde mental”, afetam cerca de 20% das crianças e adolescentes no mundo inteiro (Bird, 1996; Murray; Lopez,1996).

Sinais de alerta:

Algumas crianças falam mais facilmente a respeito dos seus sentimentos, e essa fala indica o que está acontecendo. Cabe ao adulto ter uma escuta ativa e de qualidade, para entender o que se passa. Outras, não vão falar dos seus sentimentos especificamente, mas irão  evidenciar a sua ansiedade de forma somática ou mesmo por queixas físicas. Nesses casos, é muito comum se queixarem de dor de cabeça, dor de barriga, cansaço, agitação, irritabilidade, preocupação, tristeza, distúrbio do sono, enurese (micção noturna) e medos excessivos. No geral, elas se sentem seguras nos rituais e no comportamento metódico, e gostam de uma rotina rígida e planejada, pois o imprevisto gera insegurança.

Veja mais alguns sinais de alerta de acordo com a faixa etária:

Crianças de 2 anos: a criança se mostra estressada, sempre irritada e pode apresentar comportamento de choro mais do que o habitual. Além disso, pede mais colo.

Crianças de 3 a 6 anos: podem apresentar comportamentos que já haviam superado e regredir para condutas de fases anteriores do desenvolvimento, como por exemplo, voltar a fazer xixi na roupa, ter crises de raiva, dificuldades para dormir, etc. Nessa fase é importante estar atento, pois podem se machucar (comportamento autolesivo).

Crianças de 7 a 10 anos: nessa faixa etária a ansiedade pode se manifestar por tristeza, irritabilidade, ficam assustadas facilmente, preocupação e insônia.

Já no pré-adolescente ou no adolescente, a ansiedade pode se manifestar com comportamentos imprudentes e inadequados, inclusive com o consumo de drogas e álcool. Por outro lado, alguns adolescentes podem se sentir mais oprimidos e tendem a ficar mais retraídos e introspectivos, pois sentem intensamente as emoções.

Mas, afinal, como lidar com as crianças ansiosas?

  1. Incentive a criança a expressar seus sentimentos: ajude a criança a reconhecer, nomear e expressar os sentimentos adequadamente. Assim, ela desenvolverá as habilidades socioemocionais que são essenciais nesse momento.
  2. Esteja atento às informações que a criança está recebendo: informações em excesso é um desencadeador de ansiedade, por isso, transmita informações que sejam adequadas à faixa etária da criança.
  3. Tenha disponibilidade para escutar a criança: disponibilize tempo de qualidade para atender a necessidade de informações que a criança possui. É preciso ouvir o que está sendo dito e deixar claro que você está disponível para ajudá-la no que for necessário.
  4. Não tente eliminar a ansiedade do seu filho: parece contraditório, pois em nosso entendimento o ideal seria eliminar esse sentimento da vida da criança. No entanto, o mais eficaz é ajudá-la a controlar e tolerar a ansiedade. Quando ele aprende a controlar essa emoção, os níveis de ansiedade tendem a diminuir.
  5. Valide os sentimentos da criança: o sentimento que a criança tem em relação à alguma coisa que traz angústia é real e acontece efetivamente, ainda que o adulto não consiga avaliar isso adequadamente. Quando a criança sente que o sentimento dela está sendo considerado e entendido, ela vai ter mais segurança, habilitando-a a enfrentar essas dificuldades.
  6. Seja um exemplo de como lidar com a ansiedade de maneira saudável: no geral, pais ansiosos tendem a ter filhos ansiosos. Respostas de medo e ansiedade são medidos pela modelação, onde os principais exemplos são os pais. Portanto, cuide-se!

Essas orientações vão ajudá-los a minimizar o impacto da ansiedade na vida da criança, mas não substitui uma intervenção ou orientação direta de um profissional habilitado.

Portanto, esteja atento aos sinais de ansiedade, converse com seu filho (a) e se for necessário procure uma ajuda psicológica.

Dra. Cleo Borges Ferreira

Dra. Cleudineia Borges Ferreira é Graduada em Psicologia Clínica, Pós-Graduada em: Psicologia Escolar, Avaliação Neuropsicológica da criança e do adolescente e Psicopedagogia, especializada em Terapia cognitiva comportamental. Trabalha há 15 anos na Educação. Contato: (62) 9 8577-3474 ou (62) 3921 -6991

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