A fórmula do amor

“Ainda encontro a fórmula do amor”. Quando eu estava cursando a universidade na longínqua década de oitenta, esta frase era refrão de uma música pop executada exaustivamente pelas rádios. Claro que o compositor não pretendia filosofar a respeito numa canção, a intenção era apenas se divertir. Mas a verdade é que esta questão de como amar, como demonstrar amor ou como ser reconhecido como alguém que ama, sempre incomodou a gente, afinal se trata de um princípio, uma premissa, um mandamento cristão.

Se pensarmos numa fórmula, seremos levados a crer que basta somar alguns comportamentos e diminuir outros, multiplicar sentimentos e dividir outros e tudo estará resolvido. Bem se vê que este é o raciocínio puramente religioso, dado a rituais, listas de sins e nãos, pode e não pode.

Se atentarmos para o que o apóstolo Paulo descreve na primeira carta aos Coríntios, constatamos que o ato de amar está intimamente ligado ao ser, não simplesmente ao fazer. Ele começa listando digníssimos comportamentos e os contrapõe afirmando que ainda que os fizesse, nada seria sem amor. Curioso é que ele fala de amor como se fala de uma pessoa e atribui adjetivos a este amor: paciente, bondoso, não inveja, não se vangloria, não se orgulha,
não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, se alegra com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e nunca perece.

Se Deus é amor em sua essência, acredito que essa também deve ser a essência do cristão. Seria o mesmo que dizer que alguém é um amor de pessoa ou que aquela pessoa é um amor? Claro que não! Isso é licença poética. Quem realmente ama exala amor em suas atitudes e provavelmente nem se aperceba disto. Desnecessário é chover no molhado e ficar tentando explicar que amor não é sentimento, mas a meu ver, também não é simplesmente atitude desconectada da essência de quem a pratica.

O amor é carregado de intencionalidades, de significados, apenas aceso pelo interesse genuíno no bem do outro, na promoção do outro. Sair por aí praticando caridade, dando esmolas e cobertores para a campanha do agasalho é muito bom, mas não necessariamente significa amor. Quem ama se compromete com a causa, se doa voluntariamente, se gasta como o sal para dar sabor.

Toda atitude de quem ama é impregnada de sentimento sim, de compaixão, de altruísmo, mas, neste caso, não é o hábito que faz o monge. Dá pra ser mais claro? Vou tentar. As ações ou atitudes são consequência de quem ama, decorrem da motivação divina de ir ao encontro do outro e não podem, em si mesmas, garantir que quem as pratica está transbordando de amor. Mas, como obedecer ao mandamento no qual se resume todos os outros? Estando conectados a Deus através do Seu Espírito pela fé em Jesus Cristo. Quando começamos, movidos por esta conexão, a agir em favor dos outros, iremos entender o que o Mestre quis dizer com “mais bem-aventurado é dar do que receber”. Quer descobrir como amar de verdade? Comece a ver as pessoas como Deus as vê. Assim será inevitável não se mover na direção delas para abençoá-las. Quando menos perceber, começará a exalar o perfume do amor.

Pr. Anibal Filho

Doutor em Produção Vegetal pela UFG e Pastor auxiliar da Igreja Batista Renascer.

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