Como fazer uma suplementação adequada?

Em tempos de pandemia, tornou-se comum depararmos com polêmicas envolvendo tratamento profilático e precoce, além de imunizações contra a infecção pelo Coronavírus. Ao fazermos uma análise, podemos identificar que esses debates podem ser gerados mais por interesses e conflitos políticos do que propriamente pelo que se conhece até o momento pelo meio médico e acadêmico.

Antes de entrarmos especificamente no tema desta coluna, é importante destacar que nada está provado ainda em termos de estudos sérios, longos e bem desenhados sobre a eficácia ou não de determinadas abordagens terapêuticas, dentre elas a suplementação de Vitaminas D, C e do Zinco. O que se sabe com certeza é que a ingestão desses suplementos auxilia no crescimento de células, como os glóbulos brancos e na imunomodulação, que consiste no perfeito equilíbrio e interação entre células de defesa e mensageiros químicos. 

Um bom caminho para quem deseja se atentar ao estado de saúde do organismo é a Medicina Ortomolecular, que procura corrigir deficiências de macro e micronutrientes para proporcionar saúde plena e longa para quem crê em seus benefícios. Nesse sentido, é capaz de detectar possíveis deficiências a partir de exames laboratoriais. 

Uma vez detectadas, serão formuladas receitas com o devido acompanhamento médico e por meio das correções nutricionais necessárias, que atuam na cura de dentro para fora do organismo. Partindo para o tema da suplementação, é preciso entender que há uma diferença entre reposição e suplementação, além disso, um ponto importante é sabermos que existem limites diários ideais  de uma dada vitamina ou sal mineral para que se traga um benefício a mais para o nosso corpo.

Historicamente, podemos citar o exemplo das longas travessias marítimas dos nossos navegantes ibéricos, onde grande parte dos tripulantes morriam por Escoburto, que é a deficiência da Vitamina C ou o Ácido Ascórbico. Nesse caso, há o desarranjo do colágeno, elemento importante na maturação do tecido conjuntivo e de vasos sanguíneos. A falta desse nutriente provoca condições como a hipertrofia gengival, queda dos dentes e hemorragias. Nessa ocasião, Vasco da Gama observou que laranjas e suco de limão reduziam este risco em seus navios.

Outra aventura muito bonita na Medicina trata-se da saga do médico holandês Christiaan Eijkman nas colônias indonésias para a investigação do Beribéri, conhecida por provocar um transtorno muscular e neural com encurtamento de músculos, falência cardíaca, formigamentos e enfraquecimento dos braços e pernas. A doença, anterior e equivocadamente crida como transmitida por mosquito, na verdade está ligada à deficiência da vitamina B1 e, após os estudos avançarem, Eijkman percebeu que a introdução de cereais, legumes, ovos e peixes curava a deficiência de uma importante vitamina do complexo B, no caso, a vitamina B1 ou Tiamina.

Depois de conhecermos esses exemplos históricos sobre a identificação do poder de certos nutrientes e sua relação com o nosso corpo, atualmente, a Medicina reforça que grande parte do tratamento baseia-se simplesmente na oferta alimentar a partir dos alimentos que  são encontrados facilmente em nossas mesas, como leite e derivados para o Cálcio, frutas cítricas para a Vitamina C, vegetais verdes e folhosos para a Vitamina K e muitas dos Complexo B, castanhas para a E, frutas e legumes alaranjados, cenoura e abóbora para a A, além de carnes, ovos, cereais integrais que nos beneficiam com uma miríade nutritiva para as nossas necessidades metabólicas.

O grande segredo está em refeições coloridas, com o abandono do excesso de um único alimento, como é comumente feito com as massas, um dos erros mais comuns no hábito alimentar ocidental. Além disso, deve-se evitar o exagero em produtos industrializados, enlatados e embutidos, carentes de variedade nutricional, ricos em sal, calorias e notoriamente carregados de algumas substâncias cancerígenas.

 Ao buscarmos uma referência bíblica, encontramos o Apóstolo Paulo, em sua primeira epístola para os Coríntios, que escreveu: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e que Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. (1 Coríntios 1:27).  Pensamos que para ajustar uma dieta adequada é imprescindível uma ciência aprimorada, quando na verdade, as respostas estão ao nosso dispor, na receita saudável de nossa avó e na sabedoria popular sobre a utilidade de cada alimento que toda pessoa da “roça” sabe muito bem para que serve.

Um lembrete: as vitaminas são mais bem aproveitadas quando os alimentos são consumidos crus ou pouco cozidos, por exemplo, o suco de laranja é mais bem aproveitado quando consumido na hora.

Os grandes problemas alimentares são resolvidos com a simplicidade de um prato variado, sem exageros. As ciências médicas se encarregam dos casos menos comuns das deficiências alimentares de distúrbios mais severos como a  Doença de Chron, a Doença Celíaca e outras que carecem de um atendimento especializado. Para estas doenças, Deus dotou de inteligência médicos e cientistas para cumprir seu propósito de bênçãos e benignidade para a sua mais benquista criação, feita à Sua imagem e semelhança.

Dr. João Marcelo Cavalcante Kluthcouski

Médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, com residência em clínica médica e cardiologia pela mesma instituição. Membro do corpo clínico do Hospital das Clínicas de Goiânia e da Clínica Cardioprime

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