Como funciona a telemedicina?

Qual o seu primeiro pensamento quando você ouve falar em Telemedicina? Muitos vêm aquela imagem do desenho da Família Jetsons, onde a mãe consulta com um médico pelo computador não é mesmo?

O Sufixo “Tele” vem do grego téle, e significa “à distância”. Portanto, a telemedicina é o exercício da medicina à distância, e para isso precisa ser mediado por tecnologia. Apesar de pouco conhecida no Brasil, a telemedicina já é amplamente utilizada em vários países ao redor do mundo, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, Japão e Singapura, e compreende várias áreas. Tenho certeza que muitos dos leitores já ouviram falar em alguma delas:

Telediagnóstico – talvez seja a forma mais comum que conhecemos. É quando o médico, geralmente radiologista, lauda exames como raio X e tomografias à distância, assim como os cardiologistas também laudam eletrocardiograma, MAPA e Holter.

Teleconsultoria – também frequente, é a modalidade praticada de médico para médico. Quando um médico, em um lugar remoto, pode contar com a assessoria de um especialista da área, mesmo à distância de um grande centro.

Telemonitoramento – monitoramento de pacientes com suspeita ou casos leves da COVID-19, de forma virtual.

Telecirurgia – cirurgias robóticas feitas à distância por médicos especializados.

Teleorientação – em que os médicos orientam os pacientes remotamente. Já fazemos há vários anos, porém de uma forma não regulamentada. Quem nunca fez uma ligação para um médico? Perguntou sobre uma medicação? Ou seja, de uma forma ou de outra você já utilizou a telemedicina.

Mas, o que tem causado maior controvérsia atualmente no Brasil é o Teleatendimento ou teleconsulta – modalidade que permite ao médico fazer o atendimento direto ao paciente, mesmo à distância, seja por áudio ou vídeo.

É importante mencionar que a telemedicina já é feita e regulamentada no Brasil desde 2002, através da Resolução do Conselho Regional de Medicina CFM nº 1.643/2002, porém de forma restrita e, devido à crise do COVID 19, resoluções temporárias (CFM – Conselho Federal de Medicina (ofício nº 1756/2020) e o Ministério da Saúde (portaria nº 467 de 20/03/2020)), permitiram novos moldes para o funcionamento da telemedicina que engloba a teleconsulta.

A teleconsulta é uma vídeo chamada através de uma plataforma própria que garante o sigilo, segurança e integridade dos pacientes, por onde pode ser enviado documentos, tais como receitas, orientações e exames. O médico deve ter uma assinatura digital por onde fará a prescrição de receitas, incluindo receitas para antibióticos e receita branca controlada.

A tecnologia já está em todas as áreas da nossa vida, nada mais natural chegar também na medicina. O fato é que ela já é praticada há muitos anos na relação médico paciente, porém de uma forma informal. A regularização da medicina tem também o objetivo de regulamentar essa prática, garantindo mais segurança, tanto ao médico assistente, quanto para o paciente.

Quando atendemos uma ligação ou respondemos a um whatsapp, mesmo que a intenção do médico seja a melhor possível, podemos infelizmente acabar prejudicando o paciente, pois geralmente não estamos mais no consultório, não temos acesso ao prontuário do paciente e é humanamente impossível lembrar de todos que atendemos, bem como de detalhes das suas patologias, alergias ou outras particularidades. Por isso, é tão importante essa regulamentação!

Vejo a telemedicina como um grande avanço que veio para ficar e que resolve muitas demandas, como: olhar exames que solicitamos, algumas lesões de pele, ajuste de doses de medicamentos, orientações diversas, entre várias outras ações.

O grande medo das pessoas e de alguns médicos é que a telemedicina substitua a consulta presencial, mas isso não acontecerá. Precisamos ressaltar que a telemedicina tem as suas limitações. Em alguns momentos precisaremos solicitar que o paciente compareça ao consultório para uma avaliação presencial, como por exemplo nos casos de tosse, de avaliações ortopédicas, etc. Cada especialidade terá suas indicações e limitações.

Dentre os principais benefícios da telemedicina destaco a praticidade de aguardar a consulta de casa, economia de tempo, pois evitamos o deslocamento, consequentemente gasto de gasolina, estacionamentos, etc. Além de evitar exposição a locais potencialmente contaminados, principalmente nesse momento que estamos vivendo de pandemia mundial.

A telemedicina não veio para substituir a medicina presencial tradicional, mas sim para somar e complementar o que já existe. Como toda novidade, geralmente assusta e pode causar uma certa desconfiança, mas com o tempo e à  medida que as pessoas forem usando, verão como é fácil e eficaz.

Luciana G. Nabuth Cintra

Médica Pediatra, autora do livro: “Guia divertido para crianças felizes”. Instagram: @dra.luciananabuth.pediatria

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