Como nós construímos os nossos ídolos?

Sucesso, dinheiro, amor verdadeiro — a vida perfeita! Muitos de nós depositamos a nossa fé e esperança nessas coisas, acreditando que sejam capazes de trazer a felicidade. No fundo, porém, sabemos que nada disso pode garantir satisfação plena. Por isso, não é de surpreender que nos sintamos perdidos, solitários, desencantados e ressentidos. Só o Deus verdadeiro pode satisfazer totalmente os nossos desejos.

No livro: “Deuses falsos”, de Timothy Keller, o autor mostra que uma compreensão adequada da Bíblia revela a verdade acerca da sociedade e de nosso próprio coração. Nessa mensagem poderosa, enxergamos nossa tendência de buscar em outras coisas, aquilo que só Deus pode nos dar. Também somos apresentados a um novo caminho: aquele que leva a uma esperança que não pode ser abalada pelas circunstâncias da vida. Para isso, primeiramente é necessário compreender o que é a idolatria. Vejamos alguns conceitos:

“Embora poucos a admitam, nada é mais comum” – David Clarkson (fazendo referência a idolatria). Na concepção de Clarkson, o coração do homem é mesmo uma fábrica de produção em série de ídolos.

“O coração é a coisa mais mentirosa e traiçoeira que existe no mundo; o coração do homem é terrivelmente cheio de maldade. Não há ninguém capaz de saber até que ponto é mau e pecador o coração humano!” (Jeremias 17:9).

O coração do homem é uma fábrica de ídolos, fujamos de nós mesmos”. (João Calvino). Ou seja, somos tentados diariamente a criar novos ídolos, nos quais depositamos nossa esperança.

Segundo Charles Joseph Mahaney, a idolatria é o problema tratado com mais frequência nas Escrituras. Seguramente, podemos concluir que a idolatria é o nosso problema mais predominante.

Podemos citar um exemplo claro de idolatria encontrado no livro de Atos. No capítulo 17,  Paulo chega na cidade de Atenas, na Grécia, e se depara com várias imagens de culto. Dentre os deuses gregos, os mais conhecidos eram Afrodite, deusa da beleza; Ares, o deus da guerra; e Ártemis, deusa da fertilidade, além de outros como Zeus e Hermes.

A ideia que muitos de nós temos é de que a idolatria acabou, mas essa é uma ideia equivocada, já que ela continua fortemente presente em nossos dias, entretanto, ela é apenas  expressa de outra forma. Dois exemplos: atualmente as pessoas não se prostram diante de uma estátua da deusa da beleza, mas a beleza tem sido um deus para muitas pessoas, assim como o dinheiro, o sucesso e as grandes realizações. Não vemos mais pais sacrificando filhos para um deus da prosperidade, mas quantos pais têm sacrificado seus filhos em prol de uma vida mais próspera?

A idolatria continua mais viva do que nunca! Porém, hoje ela não é encontrada simplesmente em grandes igrejas, mas também em shoppings, salões de beleza, escritórios, academias e até mesmo na frente de um computador.

Um ídolo é simplesmente qualquer coisa que você adore além de Deus. “Um ídolo é qualquer coisa que você procura para dar a você aquilo que apenas Deus pode te dar”.

Deus foi aquele que libertou o povo do Egito e que supriu os maiores anseios daquela multidão. Assim, sempre que achamos que algo além de Deus pode fazer por nós o que apenas Deus pode, cometemos idolatria.

Segundo a Bíblia, é possível que tenhamos mais de um ídolo, pois ela diz: não terás outros deuses diante de mim. “Filho do homem, estes homens ergueram ídolos em seus corações e puseram tropeços ímpios diante de si”. (Ezequiel 14:3). Aqui aprendemos que a idolatria é algo que provém do coração e por esse motivo, envolve necessariamente os nossos desejos e anseios.

Em Êxodo 20:4 é dito: “Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra”. Portanto, qualquer coisa em nossas vidas pode se tornar um ídolo para nós. Como já disse Tim Keller: “Os ídolos mais comuns são: riqueza, prazer sexual, conforto, beleza e o sucesso”.

Um time de futebol, um namorado(a), um filho(a), um cônjuge, uma mania, etc, também são muitas vezes idolatrados. A grande maioria das coisas que consideramos deuses para nós são, em si, coisas boas.

Tim Keller divide a idolatria em três categorias: os ídolos pessoais – são aqueles que envolvem satisfação pessoal, como o poder, as realizações e os prazeres. Os ídolos culturais – são os ídolos típicos de uma sociedade, como prosperidade econômica, desenvolvimento tecnológico, dominação militar. Os ídolos intelectuais, ou as ideologias – são ídolos ideológicos, como a confiança em um sistema econômico ou político.

Portanto, um ídolo, além de ser aquilo que consideramos como um deus em nossas vidas, é algo que toma de nós uma dedicação que apenas Deus deveria tomar.
Um ídolo possui uma posição de controle sobre o seu coração quando você dispõe muito de sua paixão e energia, de seus recursos materiais e emocionais nele sem pensar duas vezes” – Tim Keller.

Resumindo, a idolatria é quando: olhamos para os nossos ídolos com amor; pensamos que apenas eles são capazes de nos trazer plena satisfação; olhamos para um ídolo como aquilo que nos traz segurança; julgamos que não podemos viver sem tal coisa.

Em Mateus 6:24 é relatado: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. O ídolo é algo que consideramos inegociável. Somos capazes de qualquer coisa para satisfazê-lo. Ídolo é qualquer coisa que ocupe na sua vida e no seu coração o lugar que só Deus pode ocupar.

E você? Tem construído ídolos em sua vida? Reflita sobre isso e estude a Palavra de Deus!

Vanderson Almeida

Pastor sênior na igreja Ame em Joinville - SC. Instragram @_vandersonalmeida. E-mail: vanderson.almeida@hotmail.com.

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