Paternidade: uma questão de escolha

Somos uma família comum, servimos a Deus e buscamos a Sua presença no dia-a-dia em nosso lar. Há 10 anos me casei com André Luiz, temos dois filhos, Deborah Luize de 13 anos e Daniel com 3. Sim, se você é uma pessoa atenta, percebeu que as datas não batem.

A nossa história começou há 13 anos, quando a nossa primogênita já tinha 3 meses de vida. Fui mãe aos 16 anos. Ainda durante minha gestação nós, que já éramos amigos, conversávamos na porta de casa, nos víamos na igreja e nos jogos de vôlei que sempre aconteciam na rua da minha casa. Ele, sempre muito gentil e cavalheiro, me perguntava como estava e às vezes me acompanhava na volta da escola a noite. Ele sempre era muito sensível, e sabia que eu não estava bem emocionalmente.

Começamos a nos aproximar e naquele momento eu precisava de cuidado. Em dezembro de 2004, fomos padrinhos de um casamento na minha família e a proximidade aumentou. Passamos o réveillon daquele ano juntos e não nos separamos mais. Às vezes eu me envergonhava de amamentar minha filha ao seu lado, pois ele não era o pai da criança.

Me mudei de Goiânia para a cidade de São Luiz de Monte Belos, e ele não somente ajudou minha família com a mudança, mas também ia a cada 15 dias me visitar. A cada visita, uma experiência nova com aquela pequena bebê, que agora já tinha oito meses. Uma noite, o vi deitado no sofá com ela sobre seu peito, os dois dormiam profundamente. Fiquei olhando aquela cena e senti paz. Ficamos poucos meses em São Luiz de Montes Belos e quando voltei nos alegramos ainda mais, pois podíamos ficar juntos por mais tempo.

O tempo foi passando, a Debinha (a chamamos assim carinhosamente) foi crescendo e ele se transformando em seu pai. Logo ela aprendeu a falar, e o doce chamar “papai!” começou a fazer sentido. No início eu temia, por medo, pois ainda tinha muitas dúvidas que me cercavam naquele momento.

Ficamos noivos e nos casamos uma semana após a minha filha completar 3 aninhos. Ela levou as alianças no altar. Aquele dia ainda está em minha memória. Ao som de “Aos olhos do Pai” – música do Diante do Trono, ele desceu a escada onde estávamos e buscou a Deborah. Nada combinado, foi um encontro de amor. Todos choraram de emoção.

Agora já casados, por questões de conforto e cuidado com ela, ainda demorou um ano para que minha filha fosse morar conosco definitivamente. Nessa época eu ainda estudava e também trabalhava. Mas, aos finais de semana, o cuidado dele era grande, sempre muito dedicado com ela.

O ano logo passou e conseguimos então formar uma família em tempo integral. Ele escolheu ser pai da minha filha. Ela sempre o chamava de papai.

Ele fazia mamadeiras e acordava de madrugada quando ela chamava. As brincadeiras nos finais de semana eram sempre acompanhadas por ele, os banhos gelados de piscina e o passeio no shopping. Era sempre muito engraçado pra nós quando as pessoas diziam: “como sua filha é linda papai, sua cara!”, Nós nos olhávamos e sorríamos.

O tempo foi passando e Deborah começou a ir pra escola. Ele levava, buscava e estava sempre presente na reunião de pais. Hoje minha filha está com 13 anos, e juntamente com o irmão, formamos uma família linda, não perfeita, mas completa.

O papai ainda a leva para a escola todos os dias, desce do carro, acompanha até o portão e antes de dizer tchau, a abençoa e lhe dá um beijo. Nada o faz fazer diferente.

E assim seguimos na presença de Deus. Ainda estamos aprendendo a lidar com as consequências das escolhas do passado, como o choro do irmãozinho Daniel quando a Deborah vai para a casa da família do pai biológico. Sim, ela convive com eles e temos um relacionamento saudável. Aprendemos a lidar com sentimentos dela em relação a tudo isso. Em tudo o Senhor foi nos capacitando e orientando para que hoje estivéssemos aqui, falando abertamente sobre a nossa história.

Um dia nós falamos que jamais contaríamos a nossa história, mas entendemos que para a Glória do Senhor é preciso dizer que é possível que as famílias chamadas “mistas”, os filhos dela com os filhos dele, se tornarem uma só família em amor.

Como é importante o papel de um pai na vida de um filho. Assim como José, pai de Jesus, meu esposo escolheu ser pai, ele decidiu instruir e acompanhar minha filha, e hoje ele tem a honra de ter uma filha que o vê como um exemplo, um alicerce.

Ele decidiu ver a paternidade como uma oportunidade de transformar a vida de uma criança, definindo a sua identidade e redefinindo o seu destino, cumprindo assim um lindo chamado de Deus.

Feliz dia dos pais ao meu esposo André Luiz e a todos os pais que escolheram verdadeiramente serem pais!

Nayara Porto

Membro da Igreja Batista Renascer – Sede

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