Silêncio! Pare tudo o que você estiver fazendo e por alguns segundos, fique em silêncio. Repare que, por mais quieto que esteja o lugar onde você está, ainda assim você será capaz de ouvir alguma coisa. Seja um carro passando na rua, o barulho do ar-condicionado, a música que um vizinho está ouvindo, ou mesmo o som das cigarras ao longe anunciando a chegada das chuvas. Fato é que, a menos que você tenha algum déficit auditivo, você nunca estará num lugar onde haja o silêncio absoluto.
Existem laboratórios pelo mundo que tentam produzir ambientes onde se possa obter o mais puro silêncio e depois de muito trabalho e com inúmeras camadas de materiais isolantes, eles conseguem chegar próximo do que chamam de “silêncio absoluto”. Quem já teve a oportunidade de visitar esses lugares conta que dentro de salas assim é possível ouvir o som do próprio coração batendo, e outros alegam ser uma experiência literalmente enlouquecedora.
Não há lugar nesta terra onde não haja som. Desde grandiosos raios e trovões que se ouvem ao longe, aos minúsculos passos de uma formiga. Sempre haverá som. Deus criou o mundo e o que nele há, e tudo o que Ele criou produz som. E acredite, Ele ouve tudo!
Quando o assunto é ouvir, a coisa fica ainda mais interessante. Cada um de nós temos capacidades auditivas diferentes, ou seja, níveis de percepção auditiva que nos permite identificar certos tipos de sons que outros não são capazes. Há quem consiga identificar que o pai está chegando em casa pelo barulho do carro, reconhecer quem está falando somente pelo som da voz que sai pelo telefone, e ainda aqueles que conseguem saber exatamente qual instrumento musical está desafinado em meio a uma orquestra inteira tocando simultaneamente.
Mas então, o que define se um som é agradável ou não? Qual a diferença para que um determinado som seja considerado um barulho, um ruído ou uma bela música? Parecem perguntas difíceis, mas na verdade a resposta é bastante simples: tudo depende do gosto do ouvinte. E em meio a todos esses sons diferentes que toda a criação produz, será que existe um tipo de som que agrade mais a Deus? Será que Deus tem o seu som preferido? Como podemos saber se o som que produzimos enquanto adoramos a Deus está chegando aos ouvidos d’Ele como um som agradável ou apenas como um ruído insuportável, ou um barulho sem sentido?
Desde muito pequeno, sempre estive envolvido em atividades musicais na igreja e percebi que para muitos o conceito de adoração a Deus está ligado à música. Música e adoração no ambiente congregacional são quase sinônimos. E alguns chegam a achar que só é possível de fato adorar a Deus se estamos cantando uma canção dedicada a Ele. Geralmente, ainda cometemos o enorme erro de associar a aparente beleza de uma música com a percepção positiva de Deus a respeito de nossa adoração. Vinculamos a capacidade de afinação de uma pessoa cantando, ou mesmo a habilidade de um grupo musical com a unção presente no momento em que a música é executada, e consideramos que estamos diante de um som que agrada a Deus.
Porém, é necessário entender que o nosso Deus é o Criador de todas as coisas, inclusive de todos os sons, bem como da capacidade que temos de ouvi-los. No Salmo 148, o salmista afirma que toda a criação louva ao Senhor. O mar, as árvores, animais, nuvens, ventos, homens, mulheres e tudo o que foi criado por Ele deve adorá-lo. Para isso, não há padrão de afinação ou qualidade de produção sonora estabelecido que seja capaz de atestar que um som é definido como adoração ou não. Todavia, o que importa é adorá-lo!
Em João 4:24, Jesus diz à mulher samaritana que é necessário que aqueles que adoram a Deus o façam “em espírito e em verdade”. O Mestre não diz que o seu Pai procura quem o adore com músicas bonitas, ou que Ele deseja ser adorado com vozes afinadas. A mulher samaritana tinha acabado de questionar Jesus em relação ao lugar mais correto para adorar a Deus.
Nesse sentido, é interessante destacar que hoje em dia tentamos, inutilmente, estabelecer não só um lugar, mas também um jeito, ou mesmo um estilo musical. Quando, na verdade, o que precisamos é apenas entender que o som que agrada a Deus é a adoração produzida com sinceridade. Muito mais que “qualidade”, a nossa adoração precisa ter “verdade”!
A adoração genuína não precisa necessariamente envolver música. Não precisa ser afinada, nem instrumentos musicais sendo tocados simultaneamente, muito menos é algo que é possível ser feito apenas dentro da igreja com todo aparato de som e iluminação que temos disponível ali.
A adoração verdadeira deve fazer parte de nosso dia-a-dia e estar presente em nossas ações mais singelas. Se entendemos essa verdade, seremos capazes de produzir um som verdadeiramente agradável a Deus e alcançar o Seu coração por meio de uma adoração genuína e bela.
Portanto, não espere estar no meio da congregação com toda a estrutura que aquele ambiente te proporciona para poder se colocar na posição de adorador. Produza sons agradáveis a Deus, mesmo que seja desafinado ou incompreensível aos ouvidos daqueles à sua volta, pois para o alvo de nossa adoração isso pouco importa.
Seja sincero e verdadeiro em sua adoração, deixe que o Espírito Santo inunde o seu coração. O som que você fará certamente irá agradar àquele que te criou, pois, o que agrada a Deus é o som de uma verdadeira adoração.