Preparados para o combate

“Precisamos ter consciência situacional da área”, foram as palavras que  o Major me disse, logo antes de viajarmos para uma missão de reconhecimento em uma certa região da Amazônia.

Ter consciência situacional foi exatamente o último critério que o Senhor utilizou para selecionar quem lutaria por Israel ao lado de Gideão contra os midianitas. Os Trezentos de Gideão tinham consciência de que viviam em situação de conflito iminente e por isso, não negligenciaram as medidas de segurança da tropa, nem sequer para beber água, pois estavam sempre vigilantes e atentos a qualquer aproximação do inimigo.

Segundo Sun Tzu, “a habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade” (Arte da Guerra). Logo, ignorar o inimigo, num contexto de guerra, seria caminhar a passos largos em direção à derrota, pois a ausência do senso de perigo nos faz baixar a guarda.

Infelizmente, milhares de cristãos nos dias atuais vivem alheios à uma guerra real, reproduzindo o mesmo comportamento dos nove mil e setecentos homens que se tornaram alvos expostos e vulneráveis quando Deus os fez descer às águas para saciarem a sede. A verdade é que em nosso dia-a-dia, muitos de nós ignoram ou desconhecem por completo o inimigo real que busca constantemente nos destruir.

Mas, que guerra seria essa? Quem seria este inimigo tão implacável, que não podemos ignorá-lo nem mesmo nos momentos de descanso? Na primeira carta de Pedro, inspirada pelo Espírito Santo, o apóstolo nos adverte e nos aponta o verdadeiro inimigo dos filhos de Deus, dizendo: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” (1 Pedro 5:8).

Nas guerras convencionais que presenciamos na história da humanidade, normalmente entre nações beligerantes há limites bem definidos, movimentos e manobras, planos logísticos e poderes bélicos. No entanto, a nossa guerra é espiritual, com uma luta constante em um território inóspito e temporário, contra forças das trevas, onde a igreja deverá permanecer até que o Senhor Jesus volte para buscar a Sua noiva e resgatá-la desse mundo.

Isso significa que devemos viver com medo e angustiados por possíveis ataques do inimigo? Certamente que não! O próprio Senhor Jesus nos garantiu “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33). Nesse sentido, há uma grande diferença em viver com medo e estar preparado para as batalhas que venham a surgir. Então, como se preparar e combater batalhas que são espirituais?

Ao longo dos séculos, a definição de guerra tem evoluído, e novas estratégias e armas foram surgindo conforme o avanço da globalização. Armas empregadas no passado como arcos, lanças e alabardas se tornaram obsoletas e ineficazes nos tempos atuais. O fato é que devemos selecionar as armas certas para uma guerra espiritual, caso contrário, elas terão o mesmo efeito de uma flecha atingindo a fuselagem de uma viatura blindada de combate.

Uma batalha espiritual não é travada com armas naturais, por mais tecnológicas e poderosas que sejam. Afinal, nossa luta não é contra carne, mas contra as forças espirituais, os dominadores deste mundo de trevas, como descreve o Apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios. A Palavra do Senhor nos ensina sobre as armas espirituais e seus poderosos efeitos quando ativadas por meio da fé, no entanto, quero destacar apenas uma que creio ser indispensável em um combate espiritual: a oração!

Segundo Robert Law, “a oração é um instrumento poderoso não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na Terra”. Quando oramos, reconhecemos que a nossa confiança não está em nossa própria força, mas sim no Senhor dos Exércitos que vai a frente da batalha nos guiando para a vitória.

Por fim, não podemos recorrer a essa poderosa arma somente quando nos vemos em situações de lutas e dificuldades. A oração na vida do cristão precisa ser preventiva e não apenas reativa. Assim, devemos nos colocar em uma  posição de vantagem sobre o inimigo, antes mesmo de qualquer ação demoníaca. Desse modo, será possível negar quaisquer vulnerabilidades ao opressor, escapar de suas emboscadas e ataques traiçoeiros. Em cada batalha, podemos nos lembrar:  “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”. (Salmos 125:1).

Rafael da Silva Mendes

Presbítero da Igreja Batista Renascer - Sede. Capitão de Infantaria do Exército Brasileiro

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