Ser pai é um dos privilégios mais desafiadores da vida. Há uma ligação emocional, espiritual, algo inorgânico, metafísico, uma sinergia inexplicável entre pai e filho. Jesus disse que o filho faz o que vê o pai fazendo. Mas o ver de Jesus inclui também elementos invisíveis.
O filho vê o sorriso, mas também enxerga a alma que dói. Ouve o silêncio, mas também percebe a agonia atrás da ausência de palavras. Em singelas e miúdas explicações, o filho é capaz de captar as mensagens mais sutis e subjetivas transferidas pelos pais. A verdade é que há uma transferência das implicações emocionais vividas pelos pais. Se o pai sente, logo ele transfere. Foi assim com o velho patriarca Abraão que, depois de anos de fé e peregrinação sonhando com um filho, finalmente o pega em suas mãos calejadas pelo tempo. Ele não pensou duas vezes. Olhou o menino e disse: ISAQUE! Que em hebraico significa “Sorriso”. Abraão, inevitavelmente, transfere suas emoções, no caso o riso, ao filho recém-nascido.
Outro exemplo que desejo compartilhar com vocês aqui é do incrível José, enviado como escravo ao Egito, vendido pelos próprios irmãos e, injustiçado, paga uma pena longa e dolorosa por um crime que não cometeu. Mas um dia Deus se lembra de José em seus sofrimentos. O rapaz interpreta sonhos que misturavam previsões de catástrofe e bonança, apresenta uma solução viável e sustentável a faraó, é elevado ao segundo posto mais importante no império egípcio, casa-se com a filha do soberano, tem seu primeiro filho e, ao pegar o menino, é possível que tenha sorrido, respirado fundo, se lembrado de todo sofrimento que passou, então disse: MANASSÉS! Que quer dizer: me esqueci, numa clara alusão de que havia superado todos os traumas de sua infância e juventude.
Não importa se meus filhos estão nascendo agora ou se já são marmanjos adultos; se eu lhes pegar no colo hoje, qual é o nome que lhes dou? Ou melhor, quais são as emoções que eu transfiro a eles? Mesmo o silêncio mais discreto de um pai, pode ser uma comunicação estridente aos atentos ouvidos dos filhos.
Que nossa alma grite alegria, entusiasmo, sonhos, fé, amor, generosidade, verdade, Deus, caráter, sensibilidade humana, esperança, perdão, aceitação, maturidade, controle emocional, vida no Espírito e tudo mais que for de boa fama.
Lembremo-nos de que, bem, o filho faz o que vê o pai fazendo, mesmo quando este pai está quieto e em silêncio. Todo gesto, por mais tímido e discreto que seja, comunica com clareza o que sente a alma de um pai. O mais prudente é que nós, pais, estejamos sempre saudáveis emocionalmente e, assim, todos em nosso lar vivam seguros, felizes e em perfeita harmonia uns com os outros, consigo mesmos e com Deus.